O silêncio que se seguiu foi quase religioso. Nenhum vento atravessava as frestas do castelo, nenhuma chama ousava estalar. Apenas o som distante das respirações — uma, pesada e contida; outra, compassada e arrogante.
Auren e Draven se observavam no centro do grande salão, dois titãs de carne e raiva, irmãos forjados no mesmo sangue e agora divididos por ideais que o tempo transformara em feridas.
Draven deu um passo à frente. As sombras dançaram sobre a pele prateada de sua forma lycan, e o sorriso que traçou em seus lábios era quase humano.
— Quantos anos, irmão... e ainda vejo culpa em seus olhos. — A voz dele era baixa, arrastada, quase um sussurro venenoso. — Você acha mesmo que é diferente de mim?
Auren cerrou os punhos.
— Sou diferente porque ainda sei o que é limite.
Draven riu. O som ecoou, grave, batendo nas colunas de pedra.
— Limite? — cuspiu. — Você chamava de limite o que, Auren? Pegar mulheres humanas à força para gerar nossos filhos? Chamar de “sobrevivência” o que sem