A luz tênue atravessava as frestas da cortina, filtrando-se até o interior do quarto como um lembrete cruel do tempo passando. Céline permanecia sentada à beira da cama, as pernas encolhidas, o queixo apoiado nos joelhos. O tecido frio dos lençóis contrastava com a chama inquieta que queimava em seu peito — medo, raiva, impotência. Tudo misturado.
O silêncio era quase absoluto, interrompido apenas por rangidos ocasionais vindos do andar de baixo. Ela não sabia que horas eram, nem quanto tempo havia passado desde a última vez que vira Draven. Mas sabia que ele voltaria. Sempre voltava. Como se estivesse cronometrando o momento exato em que ela começava a acreditar que teria paz.
E ele chegou.
A maçaneta girou devagar. Céline não se moveu. O coração dela se apertou, mas seu corpo permaneceu rígido, como se fingir indiferença pudesse desarmá-lo.
Draven entrou com a mesma tranquilidade insolente de sempre, a silhueta alta e imponente cortando a luz do corredor. Vestia preto dos pés à cabe