Capítulo 17
Cerca de uma hora depois, a recepcionista retornou ao seu posto, com os olhos ainda vermelhos e enxugando discretamente as lágrimas com um lenço. Sentou-se com rigidez na cadeira, respirou fundo e tentou disfarçar o abalo, mas sua colega de bancada percebeu imediatamente.
— Ei, o que aconteceu? — perguntou em voz baixa, inclinando-se para mais perto.
A recepcionista balançou a cabeça, tentando conter a emoção, mas desabafou:
— Eu estou aqui há três anos... Três anos da minha vida dedicados a essa empresa. Sempre cheguei cedo, cumpri minhas funções, nunca faltei sem motivo... E, de repente, um almofadinha de cabelo lambido por vaca e olhos esbugalhados, que começou aqui, sei lá, "ontem", é tratado como se valesse mais que eu!
Ela parou por um segundo, respirando com dificuldade, antes de completar:
— Que vida injusta, meu Deus... A gente dá o sangue e, no fim, quem ganha o reconhecimento é quem sabe agradar as pessoas certas.
A colega apenas ouviu em silêncio, sem saber o q