POV Alice Kim
O céu já começa a se tingir de laranja quando eu finalmente saio. Os pés descalços tocam a madeira quente da varanda, e o som das ondas me chama como uma lembrança antiga. A brisa traz o cheiro do mar e, junto com ele, o nome dele, sussurrado em silêncio dentro de mim: Zion.
Caminho pela areia fofa, devagar, como se cada passo fosse uma pergunta. O sol se dobra no horizonte, se rendendo à noite, e ali, bem no meio da pintura dourada, ele está. Zion. Sentado na areia, os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar fixo no mar como se esperasse respostas que só as ondas sabem. O vento bagunça o cabelo dele. Os olhos, aqueles olhos, brilham úmidos, mas não há lágrima. Só cansaço. Só silêncio.
Me aproximo devagar. Ele escuta meus passos, mas não se vira.
— Sabia que você viria. — ele diz, a voz baixa, rouca, arranhada por dentro.
Me sento ao lado, sem dizer nada por um tempo. Ficamos assim: só o som das ondas, o farfalhar das folhas ao longe, e a tensão ainda viva entre nós.
— E