POV ALICE KIM
Depois da conversa com Julian, voltei pra minha mesa tentando fingir que o coração não estava balançando como um lustre em meio a um terremoto.
As horas seguintes passaram lentas, como se o tempo também tivesse sido atingido por toda essa bagunça emocional.
Eu revisei documentos. Ajustei artes. Tentei responder e-mails com a calma de quem não quase desabou numa sala de vidro vinte minutos antes.
Mas nada me preparou pra ele.
Zion.
Cruzamos no corredor perto da copa. Ele com uma pasta na mão, camisa preta dobrada até o cotovelo, o olhar escondido atrás da franja recém cortada.
Não falamos nada.
Mas os olhos dele grudaram nos meus por tempo suficiente pra tudo dentro de mim tremer — só que dessa vez, não cedi.
Assenti com a cabeça, formal.
Ele respondeu com o mesmo gesto, quase impessoal. Quase.
Só que quando passou por mim, senti. O peso. A presença. O olhar que veio por cima do ombro antes dele dobrar a esquina.
Foi como levar um soco interno e disfarçar com um suspiro.
N