POV Alice Kim
A cozinha estava quente. E não era só por causa da torradeira que insistia em queimar o pão.
Era por ele.
Zion, sem camisa, só de moletom frouxo, encostado no balcão como se fosse o dono da porra toda. O cabelo bagunçado do sono, a tatuagem no braço que eu já conhecia bem demais e aquele maldito cheiro — madeira, café e perigo.
— Vai queimar de novo. — ele disse, com aquele sorrisinho de canto, os olhos presos nos meus. — Quer ajuda ou vai continuar fingindo que dá conta sozinha?
— Eu dou conta, sim. — rebati, virando a torrada com força, só pra provar um ponto. — Você é que está aí fingindo que não está prestando atenção em como meu short está curto.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Eu tô prestando atenção. E não tô fingindo, não.
O silêncio que veio depois era quase audível. Um calor subindo pela espinha, pelas bochechas, pelo meio das pernas. Inferno. Ele ainda tinha esse poder.
Zion deu dois passos em minha direção. Lento. Devagar como uma ameaça boa demais pra correr.