Alice Kim
O relógio da parede fazia aquele tic-tac irritante. Quase duas da manhã. A casa no mais absoluto silêncio.
Exceto pelo meu peito.
Que estava gritando.
Zion não tava em casa. Saiu horas atrás. Não disse pra onde. Não mandou mensagem. Nem sinal de vida. E eu?
Fritando.
— Idiota. — murmurei, andando de um lado pro outro pela sala, abraçando uma almofada no peito. — Escroto, babaca, tatuado do inferno.
Peguei o celular pela milésima vez. Nada. Olhei pra porta. Nada. Deitei no sofá. Rolei. Levantei. Sentei de novo. Cada segundo que passava, mais eu me odiava por me importar. Mas... eu me importava. Aconteceu algo? Bebeu demais? Bateu a moto? Está com outra? A cabeça rodava. Uma espiral de pensamento tóxico, ansiedade e ciúme engolido.
E quando eu já estava prestes a pegar o celular e sair atrás dele...
TRANC.
A maçaneta girou. A porta se abriu devagar.
E lá estava ele.
Zion.
A jaqueta jogada no ombro. A camisa meio aberta. Cabelo bagunçado, cheiro de cigarro e bebida, os olhos v