IV

Pov Elena

Corri pela estrada, os pés batendo no asfalto frio e áspero. A cada passo, o som dos latidos me perseguia, como se o próprio lobo estivesse em uma caçada. Atrás de mim, eu podia ouvir o som ritmado de suas patas e os latidos que pareciam gritar: 

"Venha, venha, não fuja!" 

“Maldito, por que ele não me deixa em paz?!”, gritei, enquanto os pulmões ardiam e as pernas lutavam contra o cansaço. Cada passo parecia uma eternidade, e o som do lobo se tornava cada vez mais alto, ecoando na minha mente como um lembrete constante de que eu estava sendo caçada. Resolvi entrar na floresta. 

O caminho que antes era familiar agora se transformava em um labirinto sombrio. As árvores se estreitavam, formando um corredor natural e sinistro, e as sombras dançavam de forma inquietante à medida que eu corria. Por um instante, tropecei em uma raiz exposta e caí, raspando o joelho. A dor foi intensa, mas o susto era maior. Levantei-me rapidamente, arrastando o joelho machucado, e continuei correndo sem olhar para trás.

A cada curva, eu acreditava ver o vulto do lobo espreitando por entre os troncos, sempre fora do meu alcance, mas presente o suficiente para alimentar o terror. Ele parecia brincar comigo, surgindo de repente para depois desaparecer na escuridão. Em um momento, ele latia alto perto dos arbustos; no instante seguinte, seus passos silenciosos se faziam ouvir, como se ele tivesse me alcançado sem que eu percebesse.

Minhas mãos tremiam e a respiração ficou ofegante. Consegui soltar um grito de desespero:

“Socorro! Alguém me ajude!”

Mas a resposta era apenas o som distante da natureza, indiferente à minha agonia. Eu não sabia se era real ou fruto da minha imaginação, mas cada latido, cada rosnado me lembrava que eu estava sozinha e vulnerável naquela imensidão de árvores.

Enquanto corria, o lobo se aproximava novamente. Desta vez, ele parecia estar quase brincando, pulando de um lado para o outro, como se quisesse medir minha velocidade. Seus latidos variavam entre um tom quase zombeteiro e um som ameaçador. Em um dos momentos, ele parou bem próximo aos meus pés, e por um breve instante, senti como se ele estivesse cheirando o ar, analisando cada movimento meu. Meu coração disparou, e eu quase não pude conter um grito abafado.

“Por favor, vá embora!”, eu implorei, mesmo sabendo que minhas palavras não alcançariam aquele predador.

O lobo inclinou a cabeça e, com um uivo prolongado, como se estivesse rindo da minha súplica, se afastou um pouco, apenas para voltar a correr em minha direção logo em seguida. O som de suas patas batendo no chão se misturava ao som dos meus passos apressados. Eu não conseguia mais distinguir se o animal estava realmente me atacando ou se estava apenas me provocando, como se brincasse com a minha coragem e desespero.

Ao entrar mais fundo na floresta, a escuridão se intensificava. As árvores formavam um teto fechado, e a única luz vinha da lua que, tímida, tentava romper o manto noturno. Cada sombra parecia esconder algo, e o som do vento nas folhas se transformava em sussurros sinistros. Eu não sabia se estava correndo para a salvação ou para um perigo ainda maior.

Os latidos do lobo se tornaram intermitentes, ecoando entre as árvores. A cada pausa, eu ouvia o silêncio pesado, como se o mundo estivesse segurando a respiração, esperando o próximo movimento do predador. E então, num momento em que parei para recuperar o fôlego, senti uma presença atrás de mim. Virei-me lentamente e, com o coração quase saindo pela boca, vi o lobo novamente, parado, observando-me com seus olhos brilhantes.

“Não… por favor, me deixe em paz!”, implorei, a voz embargada pelo pânico.

Parecia que ele se divertia com o meu terror, como se eu fosse apenas um brinquedo num jogo selvagem.

Ainda assim, o medo me dominava e, sem pensar duas vezes, dei meia-volta e comecei a correr novamente. Desta vez, o som do lobo não parava de me seguir. Seus latidos se misturavam com o som dos meus passos acelerados, e a sensação de ser caçada era avassaladora. 

Num desses momentos de puro desespero, tropecei em uma raiz e caí de joelhos. A dor foi intensa, e eu senti lágrimas de medo e frustração escorrerem pelo rosto. Enquanto tentava me recompor, ouvi o som do lobo se aproximando, passos firmes que pareciam quase rituais. Ele se posicionou a poucos metros de mim, e, por alguns segundos, o mundo parou. Seus olhos fixos nos meus, seu focinho úmido próximo ao chão, tudo indicava que ele estava ali para me observar, como se quisesse ver até onde eu conseguiria suportar aquela situação.

“Por favor, me deixe…” – sussurrei, a voz fraca, quase inaudível, enquanto minhas mãos trêmulas tentavam se levantar.Então, como se tivesse cansado de brincar, ele abriu a boca, que pingava saliva, enquanto me encarava. Se aproximou, seus olhos vermelhos me encaravam. Sabia que era o meu fim, e que infelizmente, seria da pior forma possível. 

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