Na manhã seguinte, Isabella acordou com o corpo dolorido e a mente inquieta. O que havia acontecido na noite anterior não era apenas sexo. Fora algo mais… algo que ela não conseguia definir com exatidão, mas que queimava sob sua pele feito tatuagem recém-marcada.
Ela se levantou, tomou um banho frio e tentou limpar a cabeça. A imagem de Dominic pressionando-a contra a mesa, seu toque firme, seus gemidos graves ao ouvido — tudo a assombrava como um vício recém-descoberto. Vestiu-se com um vestido preto justo, elegante e sóbrio. Prendeu os cabelos em um coque firme, como se a rigidez visual pudesse compensar o caos interno que sentia. Mas nada disso a prepararia para o que a esperava na Torre Moretti. ** — O Dominic chegou há pouco — murmurou Vanessa, ao encontrá-la no café do 21º andar. — E ele não está com cara de muitos amigos. — Aconteceu alguma coisa? — O jurídico encontrou rastros de acesso não autorizado a documentos confidenciais. E o nome que apareceu nos logs… é de dentro da diretoria. Isabella sentiu o estômago virar. — Ele já sabe quem é? — Ainda não. Mas disse que vai reunir o conselho. E só há cinco pessoas com nível de acesso suficiente: ele, você, eu, Carl e a chefe da segurança digital. Isabella arregalou os olhos. — Eu?! Vanessa a encarou, séria. — Seu acesso ao projeto Venetian Sky está entre os mais recentes. Estão revendo tudo. O sangue dela gelou. Ela jamais tocaria um dado sem permissão. E Dominic sabia disso… sabia, não sabia? ** Ela subiu direto ao escritório dele, decidida a esclarecer tudo antes que a suspeita se tornasse um abismo entre eles. A porta estava entreaberta — e Dominic estava de pé, sozinho, encarando a parede de vidro, como se tentasse absorver as respostas no horizonte de Chicago. — Dominic? Ele se virou lentamente. Seu rosto estava sério, mas havia algo nos olhos — não era raiva. Era frustração. — Isabella. — Vanessa me contou o que está acontecendo. Eu… eu juro por tudo, não mexi em nada sem autorização. Sei que meu nome apareceu nos acessos, mas… Ele levantou a mão, pedindo silêncio. — Eu não acredito que você faria isso. Ela piscou, aliviada. — Mas isso não muda o fato de que alguém está tentando usar seu nome para cobrir rastros — completou, mais sombrio. — Então você acha que estão tentando me incriminar? Ele assentiu lentamente. — Você tem sido próxima demais de mim. Isso te torna alvo. E vulnerável. Ela cruzou os braços, sentindo a frustração ferver sob a pele. — Eu não sou fraca, Dominic. Nem preciso que você me proteja como se eu fosse uma boneca de porcelana. Ele se aproximou com passos lentos, como quem invade um território inimigo com reverência. — Eu sei que não é fraca. Mas você é minha fraqueza. A frase caiu entre eles como um segredo indecente. Isabella sentiu a respiração acelerar. — Ontem… não foi um erro? Dominic parou diante dela. Seus olhos desceram até os lábios dela, e então voltaram a subir, fixos como uma promessa. — O único erro seria fingir que isso não está acontecendo. Ele segurou a mão dela com força contida. — Mas se você quiser parar agora, antes que seja tarde demais… essa é a hora. Ela não respondeu. Apenas entrelaçou os dedos aos dele, firme. — Tarde demais, lembra? ** O dia passou tenso. As reuniões foram mais formais que de costume, e os olhares da equipe sênior variavam entre neutros e suspeitosos. Isabella sentia cada olhar como uma farpa. Ela sabia que estava sendo observada — julgada. Mas Dominic permaneceu irretocável. A mesma autoridade serena, o mesmo controle absoluto. Até que, no fim da tarde, ele a chamou discretamente pelo comunicador interno. Dominic: “Sala de projetos 7. Cinco minutos. Traga seu crachá de acesso.” Ela franziu a testa, intrigada. Sala 7 era uma das mais isoladas da torre, usada para arquivar protótipos antigos e contratos sensíveis. Ninguém a usava há meses. Chegando lá, Dominic já a esperava, segurando uma pasta preta lacrada com uma etiqueta vermelha. — Consegui acesso a arquivos da central que estavam sendo escondidos pela chefe da segurança digital. Eles foram criptografados há três semanas… no dia em que seu nome apareceu nos registros. Isabella pegou a pasta, abriu-a e analisou os dados em silêncio. — Isso… isso é prova de que eu fui usada como isca. Dominic assentiu. — Sim. E tem mais: esses arquivos foram enviados para um servidor externo, em nome de um cliente que já cortamos há meses. Um tal de Gregory Felton. Isabella arregalou os olhos. — Ele não era do setor de infraestrutura? Saiu depois de um escândalo com superfaturamento… — E está querendo se vingar. E parece ter um cúmplice aqui dentro. Alguém que ainda está entre nós. Ela fechou a pasta devagar. — Isso pode acabar com a empresa. — Ou nos forçar a tomar decisões que mudem tudo. Isabella olhou para ele, séria. — Você me chamou aqui por isso… ou por nós? Dominic sorriu de leve. — Por ambos. Porque estão tentando te destruir. E porque… eu preciso de você aqui. Do seu lado. Isabella deu um passo à frente. Ergueu os olhos até encontrar os dele. — Eu estou com você, Dominic. Desde o primeiro olhar. Ele encostou a testa na dela, fechando os olhos por um instante. — A partir de agora, vamos agir como aliados. Mas em público… não podemos levantar suspeitas. Ela assentiu, engolindo em seco. — E em particular? Ele sorriu, predador. — Em particular, você é minha. ** À noite, Dominic enviou um carro particular até o apartamento de Isabella. Quando ela entrou, a cobertura estava à meia-luz, música clássica tocando baixo. Ele a esperava com duas taças de vinho e uma mesa de jantar discretamente posta. — Sabe cozinhar também? — ela perguntou, surpresa. — Sei mandar fazer bem feito — ele respondeu, puxando a cadeira para ela. Jantaram em silêncio por alguns minutos, entre olhares intensos e toques ocasionais que se prolongavam mais do que deveriam. Depois da sobremesa, Dominic se levantou, foi até ela, e a puxou suavemente pela mão. — Vem comigo. Ele a conduziu até a varanda da cobertura. Lá, uma banheira de hidromassagem já estava cheia, a água quente liberando vapor no ar frio da noite. O céu estava limpo, pontilhado de estrelas. Ao fundo, as luzes de Chicago brilhavam como joias. Isabella tirou os sapatos. Dominic começou a desabotoar a blusa dela lentamente, enquanto seus olhos não desgrudavam dos dela. — Você confia em mim? Ela assentiu. — Com meu corpo. E talvez… um pouco mais. Ele sorriu. — Então deixa eu te mostrar o que significa ser desejada… por inteiro. Ele a despiu com calma, peça por peça, como se reverenciasse cada curva. Quando ela ficou nua, ele a pegou no colo e a mergulhou na água quente. Entrou atrás dela, sentando-se e puxando-a entre suas pernas, as mãos deslizando pelo corpo dela sob a água. Dominic explorou cada centímetro dela com os dedos, a boca, a língua. Dentro da banheira, Isabella se entregou a ele como nunca antes. Ele era dominante, mas paciente. Firme, mas atento. Fazia amor como quem comanda uma orquestra, levando-a ao limite, depois voltando, provocando suspiros, gemidos, tremores. Naquela noite, sob as estrelas, Isabella soube que não estava apenas envolvida com um homem poderoso. Estava completamente entregue a Dominic Moretti. E, de alguma forma, aquilo a deixava mais viva do que nunca.