O sol da manhã seguinte atravessava as enormes janelas da cobertura de Dominic Moretti, pintando o ambiente com tons dourados e suaves. Isabella acordou envolta nos lençóis de linho egípcio, com o corpo ainda dormente pelos prazeres da noite anterior e a mente navegando entre realidade e sonho.

Dominic estava sentado à beira da cama, já vestido com uma camisa branca entreaberta, a gravata jogada sobre a poltrona. Ele a observava com um olhar silencioso, intenso — como se decorasse cada traço do rosto dela.

— Bom dia — murmurou, com a voz rouca da manhã.

Isabella se espreguiçou, ainda nua sob o lençol, um sorriso preguiçoso nos lábios.

— Você sempre acorda assim? Me olhando como se eu fosse a primeira mulher que vê na vida?

Ele riu baixo, inclinando-se para beijar sua testa.

— Você é a primeira mulher que vejo desse jeito. Assim… depois de quebrar minhas defesas.

Ela ergueu uma sobrancelha, provocativa.

— Defesas? Você? O CEO da Moretti Design?

— Por fora, talvez. Mas você está mexendo com o que tem por dentro. E não posso negar isso.

As palavras dele a desarmaram. Isabella estava acostumada a homens que se fechavam. Dominic, embora controlado, era surpreendentemente sincero em momentos inesperados. Isso a fazia se sentir especial — escolhida, não apenas desejada.

Mas aquele momento suave logo cedeu lugar à realidade.

— E sobre os acessos falsificados? — ela perguntou, sentando-se, puxando o lençol para cobrir os seios. — O que vamos fazer?

Dominic se levantou, indo até a mesa onde havia espalhado os arquivos da noite anterior.

— A equipe de cibersegurança está revisando os dados com base nos logs que recuperamos. Mas quero fazer isso de forma discreta. Ainda não podemos mostrar que sabemos quem está por trás… ou que desconfiamos.

— E quem você acha que é?

Ele virou-se para ela, o olhar mais duro agora.

— Carl Fontana.

Isabella ficou em silêncio por um momento.

— O chefe de operações?

— Ele tem acesso de alto nível. É ambicioso demais. E, mais importante: ele era próximo de Gregory Felton.

— Isso é sério, Dominic…

— É. Mas não temos prova concreta. Ainda. Enquanto isso, quero que você continue com sua rotina normalmente. E principalmente: que não mude sua postura comigo. A última coisa que precisamos é alimentar boatos internos. Não quero sua reputação manchada.

Ela assentiu. Sabia que o risco era real, e que qualquer passo em falso poderia ser usado contra ela. Mas havia algo no modo como Dominic falava que a fazia sentir-se segura — protegida, mesmo no meio do caos.

— Está me pedindo para fingir que você é apenas meu chefe durante o dia… — ela provocou. — E o homem que me faz gritar à noite?

Ele se aproximou de novo, agachando-se ao lado da cama.

— Sim. Porque o que temos aqui… é só nosso.

Isabella mordeu o lábio.

— Isso pode ser mais perigoso do que parece.

Dominic roçou os lábios nos dela, apenas um toque.

— E mais viciante também.

**

Na Torre Moretti, o dia parecia como qualquer outro. Mas para Isabella, tudo estava diferente.

Cada passo que dava, cada olhar que recebia, tudo parecia carregado de tensão. Como se as paredes da empresa sussurrassem segredos. Como se as janelas refletissem mais do que simples imagens — refletissem intenções.

Vanessa, sua colega de setor, notou a mudança.

— Você está… radiante — disse, num sussurro cúmplice, enquanto as duas tomavam café na área de convivência. — Ou transando com um modelo italiano escondida… ou recebeu uma promoção que ainda não contou pra ninguém.

Isabella riu, fingindo desviar.

— Digamos que dormi bem.

Vanessa estreitou os olhos, desconfiada, mas não insistiu. Isabella agradeceu por isso.

O dia seguiu com reuniões, planilhas, revisões e projetos. Isabella manteve a compostura, mesmo quando Dominic entrou na sala de conferência em que ela estava apresentando um layout para o novo resort no Arizona. Ele sentou-se no fundo da sala, o olhar sério. Mas quando ela terminou, e os aplausos educados vieram, Dominic apenas disse:

— Excelente trabalho, senhorita Hart.

E por um segundo, o canto da boca dele subiu em um leve sorriso. Um código secreto entre os dois.

**

À noite, Dominic a esperava no estacionamento subterrâneo com seu carro escuro. Discretamente. Como se o próprio desejo soubesse esperar a escuridão para florescer.

Ela entrou no banco do passageiro, o coração acelerado.

— Achei que combinamos discrição…

— Estou sendo discreto — ele respondeu, sério. — Mas precisava te ver antes de ir pra casa. A auditoria interna detectou mais um acesso irregular. Alguém está tentando apagar rastros do sistema.

— Querem sumir com as provas?

— Ou querem fazer parecer que você está escondendo algo. Os acessos estão vindo do seu IP de trabalho. Mas agora sabemos que isso é manipulado.

Ela suspirou, exausta.

— E você confia mesmo em mim?

Dominic virou-se para ela, segurando seu queixo com firmeza.

— Eu confio em você mais do que em qualquer pessoa dentro daquela empresa. E isso… me assusta pra caralho.

O olhar dele queimava. Ela sentiu o corpo inteiro reagir. Aquela tensão — entre o perigo e o desejo — era viciante.

Sem pensar duas vezes, Isabella puxou Dominic pela camisa e o beijou com força. Um beijo que misturava medo, raiva, fome. Ele retribuiu com igual intensidade. Os dois sabiam que estavam jogando com o destino. Mas, naquele momento, não importava.

**

A noite foi deles.

No apartamento dela, sob luzes baixas e gemidos abafados, Dominic explorou cada parte do corpo de Isabella como se ela fosse território sagrado. Com mãos precisas e beijos quentes, ele a levou ao ápice mais de uma vez, alternando entre comando e adoração.

— Você é um vício — ele sussurrou, entre investidas lentas e profundas. — Meu veneno e minha cura.

Isabella o agarrou, as unhas marcando suas costas.

— Então não tente se livrar de mim…

— Nunca mais.

Quando a madrugada caiu, exaustos, eles se enroscaram sob os lençóis, pele contra pele, corações em silêncio.

Mas, do outro lado da cidade, um e-mail anônimo era enviado ao conselho fiscal da Moretti Design.

Anexado: um dossiê forjado com registros comprometendo Isabella Hart.

Assunto: “Sua funcionária está destruindo sua empresa. E você está dormindo com ela.”