No dia seguinte, Mason e eu dirigimos até a loja de noivas para escolher meu vestido de casamento. O caminho todo foi em silêncio.
Em um semáforo vermelho, Mason bateu levemente no volante, olhando para mim e depois desviando o olhar.
Mantive o rosto virado para a janela.
Finalmente, ele quebrou o silêncio:
— As flores estão incríveis neste verão. Aposto que a floresta deve estar ainda mais bonita.
Como não respondi, ele acrescentou:
— Dizem que Bosque dos Vaga-lumes está cheio de vaga-lumes este ano. Casais que se marcarem lá receberão a bênção mais doce da Deusa da Lua.
— Ah. — Murmurei.
Um clima estranho se instalou. Ele tentou de novo:
— A marcação só acontece uma vez. Você não quer um lugar que tenha mais significado?
Franzi a testa.
O lugar onde nos conhecemos pela primeira vez, onde quase perdi a vida, valia menos para ele do que um ponto que Serena mencionou de passagem.
— Não consigo pensar em um lugar que tenha mais significado que Baía do Luar. — Disse eu.
Ele assentiu com rigidez.
— Você tem razão.
Virei-me para ele e perguntei:
— Tem mais alguma coisa que queira me dizer?
Era a última porta que eu ainda estava disposta a abrir para ele, uma última chance de ser honesto.
Seus dedos apertaram o volante.
— Não. Você lida bem com as coisas. Confio em você.
O frio se instalou no meu peito. Ele ainda não diria.
A partir daquele momento, nada que ele dissesse teria importância.
Quando chegamos à loja de noivas, fui direto para os cabides.
Mason pairava ao redor, sem parar de falar:
— Cora, olha este. Imagine os vaga-lumes flutuando ao seu redor. Seria deslumbrante!
Nesse instante, uma voz familiar se aproximou por cima do meu ombro:
— Mason, você está ajudando a Cora a escolher um vestido de noiva?
Serena surgiu, toda olhos brilhantes e surpresa.
— Que coincidência! Cora, você também está aqui.
Uma vendedora correu com um sorriso:
— Senhorita, está procurando um vestido?
Serena ergueu o queixo.
— Mason já contratou o melhor estilista para fazer meu vestido. É único, com a Pedra da Lua Azul como peça central.
Mason pigarreou, sinalizando para Serena ficar em silêncio.
Fingi não ouvir. Escolhi um vestido simples do cabide e entreguei à vendedora.
— Este. Por favor, embale.
— Quer experimentar? — Perguntou a vendedora.
— Não. Tenho outro compromisso.
Serena imediatamente entrou no papel de inocente:
— Está chateada porque estou aqui? Posso ir embora.
Mason segurou seu pulso.
— Não! Não vá embora!
Então, virou-se para mim:
— Você pode parar de ser tão mesquinha? Está prestes a se tornar Luna. Chega de atitude!
Ele a segurava pelos ombros, como se a reivindicasse para si.
— Estou enterrado em trabalho da alcateia o dia todo e volto para casa com seus humores. Você não é o sol! As pessoas não precisam orbitar você!
Serena murmurou:
— Mason, vai com calma. A Cora ainda está se recuperando.
Ele estourou sem pensar:
— Ela mesma fez isso!
As palavras caíram mais pesadas do que o fogo jamais caiu sobre mim.