Tropecei de volta para casa, fechei a porta e me joguei no sofá, chorando até que a garganta ficasse rouca.
Quando sugeri pela primeira vez realizar nossa cerimônia de marcação em Baía do Luar, Mason me olhou com um sorriso suave e disse:
— Claro.
Achei que ele entendia o motivo da minha escolha. Era o lugar onde nos conhecemos, na noite em que os lobos renegados atacaram.
Lancei-me à frente dele quando o fogo varreu a clareira, recebendo o golpe em seu lugar. As cicatrizes na minha pele eram o preço que ainda carregava.
No hospital, ele segurou minha mão e chorou comigo. Ficou ao meu lado por três noites sem dormir e me prometeu uma vida inteira de felicidade.
Mas essas promessas se desfizeram na primeira prova.
Ainda chorando, meu telefone tocou. Mason ligava de algum lugar barulhento, música e risadas escapando pelo aparelho.
— Não vou voltar para casa hoje à noite. — Disse ele.
Antes que eu pudesse responder, a linha caiu.
Algum tempo depois da meia-noite, minha melhor amiga, Fiona Olsen, me acordou com outra ligação.
Ela havia enviado uma captura de tela das redes sociais de Mason. Na foto, Serena encostada nele, meio bêbada, enquanto sua mão circundava a cintura dela.
Alguém comentou:
— Mason, você está prestes a ser marcado. Não cruze a linha.
Mason não explicou nada. Limitou-se a responder:
— Se a Cora não consegue lidar com isso, ela não deveria ser Luna.
Ele tinha escondido a postagem de mim. Sabia que me deixaria chateada, mas fez mesmo assim.
Fiona disse com raiva:
— Ele ainda está flertando com outra mulher quando vai ser marcado. Cora, você não deveria fazê-lo seu par.
— Entendi. — Respondi sem expressão e desliguei.
Minha decisão já estava tomada. Eu havia terminado com ele.
Alguns dias depois, fui ao hospital para meu enxerto de pele.
O médico piscou surpreso ao me ver sozinha.
— Ninguém veio com você?
Assenti.
— Estou bem. Posso lidar com isso.
Passei aqueles dias de observação sozinha. E Mason não ligou nenhuma vez.
Uma tarde, entrei no corredor e vi Mason guiando Serena pelo cotovelo.
Ele falou com gentileza:
— O médico não encontrou nada. Está tudo bem.
Serena se encostou nele e disse fraca:
— Minha cabeça ainda dói. Você acha que ele mentiu?
— Vou levar você para casa. — Ele disse pacientemente. — Estou liberando tudo para ficar ao seu lado nos próximos dias.
Observei suas costas se afastarem e soltei uma risada fria.
Quando finalmente voltei para nosso apartamento, ele estava vazio e silencioso. Mason só voltou no terceiro dia.
Ele congelou ao me ver, a culpa brilhando e desaparecendo enquanto se endireitava.
— Estive sobrecarregado. Os assuntos da alcateia não pararam.
Eu ri com desdém.
— Talvez tire o perfume antes de dizer isso.
Ele estremeceu.
— E o seu bolso. — Acrescentei. — Você ainda tem o prontuário médico da Serena.
— Você me seguiu? — Seus olhos ficaram vermelhos num instante.
— Não te segui. — Disse calmamente. — Você a levou ao mesmo hospital onde fiz meu acompanhamento.
Parte da raiva dele se dissipou.
— Você... Fez seu acompanhamento?
— Sim. Eu te contei, mas você não se lembrou. — Respondi.
Ele bufou.
— Parece que você está se recuperando bem sem mim.
— Certo. — Respondi. — Não sou uma coisinha delicada.
Algo nele estourou. Ele apontou o dedo para mim e gritou:
— Qual é o seu problema? Serena não tem ninguém nesta cidade. Ela ficou doente, então eu cuidei dela. Você está prestes a se tornar Luna. Se é tão mesquinha, como quer que eu confie em você para liderar a alcateia comigo?
Olhei para baixo e soltei uma risada amarga.
— Eu também não tenho ninguém nesta alcateia.
Atravessei fronteiras para me juntar a alcateia dele, trabalhei sem reclamar e apostei tudo na esperança de que ele fosse o tipo de homem que poderia me fazer feliz.
Sua expressão se endureceu enquanto murmurava:
— Você é diferente. Você me tem...
Nesse instante, o telefone dele tocou. Os soluços abafados de Serena vieram pelo aparelho.
A raiva desapareceu do rosto de Mason, substituída apenas por preocupação e medo.
— Não chore. O que aconteceu?
— A luz acabou. Estou assustada...
— Está tudo bem. Estou indo. — Disse ele apressado.
Ele pegou o casaco, abriu a porta com força, mas parou por um instante para me olhar.
— Se tocar na Serena por ciúmes, não me culpe pela minha reação.
Ele saiu sem dizer mais uma palavra.
Eu tinha coisas mais importantes a fazer do que perder tempo com Serena.
Verifiquei a contagem regressiva na tela. Faltavam apenas três dias para a cerimônia.
Mandei mensagem para o coordenador e revisei cada detalhe. Tudo parecia no caminho certo.
Daqui a três noites, o luar sobre a baía estaria mais lindo do que nunca.