O silêncio do quarto era sagrado.
Horas haviam se passado desde o nascimento de Benjamim, ainda assim, o tempo parecia não ter voltado a correr. O quarto hospitalar, antes tomado pela correria das enfermeiras e os sons dos aparelhos, agora era um santuário de paz e vida. A luz do fim de tarde, filtrada pelas cortinas brancas, banhava tudo com um tom dourado deixando a cena quase irreal.
Luna estava sentada na poltrona ao lado da cama, o corpo ainda frágil, mas a alma inteira. Nos braços, aninhado contra o peito, dormia seu filho. Benjamim. O som suave da respiração dele era tudo o que ela precisava para acreditar que o mundo era, sim, um lugar bom.
Jacob estava sentado à frente dela, os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar fixo nos dois com uma ternura que não cabia em palavras. Os olhos dele estavam marejados, os cílios molhados, mas ele sorria. Um sorriso manso, vencido. Um sorriso de quem foi salvo.
— Ele tem seu nariz — disse Luna, em voz baixa, os dedos acariciando a bochecha