Ao cair da noite, a mansão parecia menos uma casa e mais uma fortaleza. Mesmo assim, uma fortaleza com luz suave. Eva acomodou-se no sofá com seu laptop, Román sentou-se junto à janela com um caderno e eu abri meu caderno de desenhos. Desenhei a praça interna novamente, mas agora a imaginei como um lugar onde as pessoas se veem e se compreendem, não onde se escondem. Adicionei uma linha curva que conectava dois bancos que antes estavam separados por capricho. Uma ponte mínima no desenho. Um acordo secreto comigo mesma.
— O que é isso? — perguntou Román, aproximando-se.
—Uma costura —respondi—. Às vezes, basta costurar duas margens para que o vento mude de som.
—E na vida?
—Também.
Ele ficou olhando. Seus dedos roçaram a borda do papel e depois tocaram minha mão.
— Amanhã você terá que declarar novamente — disse ele. — Reyes quer que tudo fique documentado antes da próxima jogada.
—Eu farei isso — respondi.
— E você vai dormir no meu quarto — acrescentou, sem admitir réplica.
— Não vou