Mundo de ficçãoIniciar sessão
O celular tocava o alarme as 05:30 e o barulho suave de chuva emitido pelo aparelho despertou-a para mais um dia. Preguiçosamente ela levantou e sentou na simples cama de casal que dividia com os filhos.
Sentia paz ao vê-los dormir tão profundamente e seguros. Com cuidado, desligou o alarme para não acordá-los e fechou os olhos para orar e agradecer; logo já estava providenciando o café da manhã dos filhos, afinal, em algumas horas teria de deixá-los na escola e pegar o ônibus para o trabalho de meio período na academia mais conhecida do centro de Phoenix. Aos 32 anos, Érika Jhonson já era mãe de um casal de filhos, Mary e Mason; frutos de um casamento que durou 11 anos, mas que foi tão infeliz quanto, exceto por seus filhos. Há 2 anos, Érika lutava sozinha para dar o melhor que estivesse ao seu alcance para os filhos. Morava em Glandale, e todos os dias pegava o ônibus às 09:00 para chegar ao centro de Phoenix e trabalhar até as 15:00 na academia Team Masters onde era recepcionista. — Mary, vamos ou você vai se atrasar e me atrasar para a escola, filha. — Érika apressou Mary enquanto ajustava o colarinho da farda de Mason. — Estou terminando, mamãe! — Mary saiu do quarto colocando a boina da escola e Érika também foi ajudá-la com isso. — Você vai acabar recebendo uma bronca e tendo que voltar para casa. — Érika suspirou cansada e nem era 08:00 da manhã ainda. — Mary, você precisa ser mais ágil para se preparar para a escola. Todos os dias temos que fazer uma maratona para chegar e o soldado Paixão já te avisou sobre isso. — Eu sei, mãe... — Mary baixou os olhos e Érika sentiu o coração partir. Sabia cobrava muito de uma criança de apenas 12 anos, mas não havia escolha. Mary era literalmente seu braço direito, e consequentemente se sobrecarregava também porque ajudava a mãe em tudo, inclusive nos cuidados com Mason que só tinha 7 anos e era autista nível de suporte 2. — Desculpa filha. Eu sei que é demais para você, mas não tem outro jeito. — ela suspirou e tocou o rosto da menina — E olha só, você está em uma escola militar, então precisa realmente se esforçar mais. — Eu até que gosto de lá! — Mary confessa enquanto saem e seguem para a saída onde o ônibus escolar parava para pegá-los e deixá-los em suas respectivas escolas. — Ônibus! Ônibus! — Mason comemora ao ver o transporte escolar. Érika planta um beijo no rosto do filho, vendo a monitora o levar para a van da escola para crianças com necessidades especiais enquanto assiste Mary entrar no ônibus escolar. — Obrigado, Cloe. — sorri para a monitora rechonchuda e de sorriso amoroso que recebe Mason com um abraço e um toque de mão elaborado. — Tenha um ótimo dia, Érika. Qualquer, nós te avisamos. — Cloe pisca e entra na van com Mason. Érika suspirou ao vê-los partir... Os filhos eram tudo o que ela tinha e literalmente seu mundo. Olhou para o céu e sorriu. Os últimos dois anos haviam sido difíceis, mas ela conseguiu chegar ali. Óbvio que para muita gente, não era grande coisa, mas para ele era uma escalada a qual se orgulhava de avançar um pouco mais. Voltou para dentro da casa simples, com poucos móveis, mas acolhedora o suficiente para ela e os dois filhos. Nada era fácil. Ela pagava aluguel, a escola do filho mais novo, as contas, a alimentação, medicação, terapias e tinha que fazer render o pouco, mas ainda assim, agradecia a Deus por dar conta. Não tinha o apoio da família, exceto pela mãe que morava em outra cidade. Também tinha a cunhada que residia a algumas quadras, mas esta não podia fazer muito, pois já tinha suas próprias batalhas com 3 filhos para criar e um marido alcoólatra que não parava em um serviço por muito tempo... Érika respirou fundo e voltou para o interior da casinha onde se olhou novamente no espelho para checar a aparência e ver se estava tudo em ordem ir trabalhar. Apesar de ter um corpo grande e curvilíneo, a camisa branca grande com a estampa do Naruto escondia tudo é a calça legging preta que compunha a farda da Team Masters era encoberta. A vantagem de trabalhar em uma academia especializada em artes marciais e Crossfit era justamente essa: ela poderia usar suas camisas de anime numa boa. Os cabelos castanho, encaracolados e curtos presos em um rabo-de-cavalo, um gloss discreto nos lábios pequenos e definidos, a mochila com as luvas de muay Thai, o material de Crossfit, a carteira e livro, e voilá: ela estava pronta. Caminhou para o ponto de ônibus o mais rápido que conseguiu – muito rápido. Nós olhos castanhos claros havia um cansaço emocional e físico, mas também uma promessa de que desistir não era opção. No coração havia muito espaço preenchido pela dor, mas com certeza havia os planos de um futuro onde ela poderia e seria mais pelos filhos. Lá no fundo, ainda tinha esperanças de que conseguiria ter coragem de publicar os livros que escrevia nas horas vagas ou nos raros dias de folga e nos cones de ouvido “Hide” do Creed tocava alto enquanto ela fazia o percurso até o trabalho. “Let’s leave, oh, let’s get away Get lost in time Where there’s no reason left to hide, yeah Let’s leave, oh, let’s get away Run in fields of time Where there’s no reason left to hide No reason to hide” Aos poucos ela estava vencendo os traumas, decidida a seguir em frente com os filhos, e totalmente fechada para qualquer relacionamento.






