POV: Estela
Os dias seguintes foram uma tortura silenciosa.
Eu me esforçava para manter a mente focada nas cirurgias, nos pacientes, no ritmo frenético do hospital. Mas a lembrança daquela noite — daquela conversa sobre casamento — insistia em se infiltrar como um eco persistente.
Era como se eu estivesse vivendo em duas realidades: a neurocirurgiã que se recusava a vacilar diante do bisturi… e a mulher que sentia o coração pesar com perguntas que não queria responder.
Quando finalmente minha folga chegou, não era descanso o que me esperava.
Meu celular vibrou.
Uma única mensagem.
"Encontre-me no píer às dez. — L"
Meu estômago se contraiu. Sem pensar duas vezes, aceitei.
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O dia estava ensolarado, o céu tão azul que parecia pintado à mão. A brisa tinha cheiro de sal e liberdade. Quando cheguei ao píer, encontrei Lorenzo já à minha espera, de camisa branca dobrada nos braços, óculos escuros, postura imponente e ao mesmo tempo descontraída.
— Achei que ia fugir de mim. — el