CRISTINA SANTIAGO
O sono de Rosália estava pesado, auxiliado por duas garrafas de vinho e a exaustão do dia. Confirmei que ela estava em um sono profundo antes de deslizar para fora do quarto de hóspedes.
O relógio no corredor marcava quase onze e meia. Eu estava adiantada. Mais de trinta minutos adiantada.
Meu coração batia irregular, pelo nervosismo e excitação. Cada passo que eu dava no chão de frio em direção à escada era uma decisão consciente.
Toda promessa de punição me despertava uma curiosidade perversa. Um desejo de ver até onde ele iria.
A porta do escritório estava entreaberta e empurrei-a suavemente.
Ele estava lá. Não trabalhando, como eu esperava. Estava sentado de lado em sua cadeira, com um cotovelo apoiado na mesa, olhando fixamente para a janela de vidro como se estivesse perdido em pensamentos. E ele estava fumando. Uma fina espiral de fumaça subia de um cigarro preso entre seus dedos.
— Acho que é a primeira vez que te vejo fumar — Comentei.
Ele virou a