Capítulo 23 – O Príncipe e a Sanguinária
O som do banquete ainda ecoava atrás das portas pesadas, um burburinho de taças e vozes que mais parecia um enxame. Eu precisava de ar. Empurrei a porta de uma das salas laterais e entrei, deixando que a penumbra me envolvesse.
Afastei parte do tecido rígido do vestido e soltei discretamente o busto, apenas o suficiente para que meus pulmões não brigassem com a costura. Respirei fundo, sentindo o ferro frio da parede contra as minhas costas, como se o próprio castelo estivesse me lembrando que nada ali era feito para aconchego.
Fechei os olhos por um instante. O silêncio, mesmo carregado de sombras, era mais honesto que as vozes no salão.
“Parecia que o mundo todo me devorava com os olhos. Mas os únicos que me cansavam… eram os que fingiam simpatia.”
Era curioso como os sussurros maldosos escorriam mais leves que os cumprimentos doces. Os primeiros, eu já esperava. Os segundos, eram disfarces de lâminas. E havia tantas lâminas naquela mesa