Era meio-dia na Fazenda Valença. O calor é tanto que até as galinhas andam de língua pra fora.
No celeiro, Bento ronca estirado num monte de feno, uma perna pra lá, outra pra cá, de boca aberta, suando e… liberando gases com tranquilidade.Foi quando Clemilda entrou, tapando o nariz com a ponta da blusa.— É lindo, mas é porco… — murmurou, franzindo o rosto. — Um peido a cada respiro. Misericórdia!Com a cara mais abusada do planeta, subiu em cima dele sem cerimônia.— Oxi! Que diacho cê tá fazendo, mulher? — ele resmungou, acordando assustado, tentando entender se tava sonhando ou num pesadelo.— Quero o calor do seu corpo, Bentinho… — ela disse, fazendo biquinho.— Pois vá pro meio do mato e aproveita o calor do sol, ora essa! Sai de cima de mim e me deixa em paz!— Bento… eu quero ocê de volta — disse com voz manhosa.Ele empurrou o chapéu pra trás, irritado.