Início / Romance / O CEO que eu confundi com um agiota / CAPÍTULO 2 — UMA PROPOSTA INESPERADA
CAPÍTULO 2 — UMA PROPOSTA INESPERADA

Mia

Eu ainda sentia o calor do toque dele no meu pulso quando me sentei novamente. Meu coração batia rápido demais, como se meu corpo soubesse algo que eu ainda não tinha percebido.

Ele estava ali, olhando para mim com uma atenção tão focada que parecia impossível que eu tivesse acabado de confundi-lo com um agiota.

— Certo… — soltei um suspiro e tentei reunir coragem — acho que o mínimo que posso fazer depois dessa vergonha é me apresentar. Eu sou Mia.

— Mia… — ele repetiu meu nome devagar, como se estivesse experimentando o som. Um leve sorriso surgiu no canto da boca. — Eu sou Elijah.

Só isso.

Nenhum sobrenome.

Nenhum "sou isso ou aquilo".

Apenas Elijah.

E, ainda assim, parecia suficiente.

Forte. Atraente. Carregado de algo que eu não sabia nomear.

Eu limpei a garganta.

— Ok… acho que deveria saber por que eu entrei aqui implorando dinheiro para a pessoa errada — falei, tentando fazer humor com minha própria tragédia. E então tudo saiu. Sem filtro. — Eu perdi o emprego hoje. Não era nada demais, só atendente de loja… mas era meu único salário. E desde que minha mãe morreu, eu não tenho ninguém. Nenhum parente, nenhum lugar pra cair se eu escorregar. Eu tentei arrumar outro trabalho, mas ninguém está contratando. Nem como garçonete. Meu aluguel está atrasado e… eu estava desesperada.

Ele não tirou os olhos de mim.

Não interrompeu.

Não fez cara de pena.

Mas parecia ouvir de verdade.

— Então você pensou que a melhor opção era… um agiota? — ele perguntou com um humor suave que me fez suspirar.

— A pior. Mas também a única — respondi, sem conseguir evitar o aperto no peito.

Ele assentiu devagar, como se estivesse encaixando cada peça dentro da cabeça.

— Mia… — seu tom mudou, mais profundo — você não merecia estar passando por isso sozinha.

A frase me atingiu como um golpe inesperado.

Eu quase esqueci como respirar.

Ninguém falava assim comigo.

Ninguém se importava assim comigo.

— É a vida — murmurei. — Ela não pergunta se a gente aguenta. Só j**a mais peso.

Ele apoiou um braço sobre a mesa, inclinado na minha direção.

— Você sempre enfrenta tudo desse jeito? Sozinha?

Sim.

Mas a resposta doeu.

— Eu aprendi a não esperar nada de ninguém — confessei. — É mais seguro assim.

Elijah me analisou por alguns segundos, e senti como se estivesse me vendo além do que eu mostrava.

— Entendo — disse por fim. — Mas… talvez você não precise continuar assim.

— O que quer dizer? — franzi o cenho, desconfiada.

Ele soltou um suspiro leve, como quem toma uma decisão.

— Você… — seus olhos percorreram meu rosto com um interesse que fez meu estômago dar um nó — você toparia fazer uma entrevista?

Eu pisquei.

— Entrevista? Como assim?

Ele apoiou os dedos no queixo, pensativo.

— Para um trabalho — explicou calmamente. — Não posso te prometer nada agora. Mas conheço pessoas. Pessoas que precisam de alguém responsável, sincera… alguém como você.

Meu coração se acelerou.

Entrevista. Trabalho.

Aquilo era melhor que qualquer empréstimo.

Mas, ao mesmo tempo…

— Você mal me conhece — falei devagar. — Nem sabe se eu sou boa funcionária, ou se não estou inventando tudo isso.

Ele ergueu uma sobrancelha, como se minha dúvida fosse engraçada.

— Eu sei que você é honesta — respondeu sem hesitar. — Ninguém inventaria aquele discurso tão desesperadamente espontâneo. Você foi… real. E isso vale mais do que muita coisa.

Eu não esperava aquela resposta.

— E além disso… — ele inclinou a cabeça com um sorriso que fez minhas pernas formigarem — eu gosto da forma como você fala. Sem máscaras. Sem tentar impressionar. Eu aprecio isso.

Eu senti o rosto esquentar.

Ele não estava flertando. Estava?

Se estava, era tão sutil que eu podia estar imaginando.

— Mas… — continuei, tentando manter o controle — que tipo de entrevista é essa? Para quê?

Ele deu de ombros, evasivo.

— Nada ilegal, eu prometo — disse com humor. Levantando a mão como um escoteiro — Só… deixe-me fazer algumas ligações amanhã. Eu posso abrir uma porta para você. Uma chance. E você decide se quer entrar.

Fiquei em silêncio.

Aquilo não parecia real.

Eu saí de casa para pedir dinheiro emprestado a um agiota…

e agora um estranho — um homem lindo, misterioso, de presença avassaladora — estava me oferecendo uma chance de recomeçar.

— Por quê? — perguntei, a voz falhando sem querer. — Por que faria isso por mim?

Ele manteve o olhar sobre o meu, firme, intenso.

— Porque quando alguém está caindo — disse com calma — às vezes tudo o que precisa é de uma mão. Só isso. Uma mão.

E hoje… — seu sorriso foi quase imperceptível, mas real — eu decidi que posso ser essa mão.

Meu peito se apertou.

Eu não sabia se queria chorar ou rir.

Ou os dois.

— Então? — Elijah perguntou, apoiando o corpo na cadeira, sem desviar os olhos. — Aceita uma chance? Mesmo que venha da pessoa errada, no momento certo?

Meu coração respondeu antes de mim.

— Aceito.

Ele sorriu.

E naquele instante, foi impossível não pensar que, por algum motivo estranho… eu tinha acabado de dizer sim para algo muito maior do que um simples trabalho.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App