Ainda sentia o calor da boca dela na minha quando o celular vibrou no bolso do paletó.
Ignorei por um segundo. Estávamos imersos demais naquele momento — ela brincando com o anel no dedo, os olhos cheios de brilho, e eu com a sensação inédita de estar fazendo algo certo com o coração.
Mas vibrou de novo. E de novo.
O número piscava na tela: enfermeira Luísa.
Meu estômago afundou.
— Desculpa — murmurei, levantando-me com o telefone junto ao ouvido.
— Sr. Ethan? Seu pai está sendo encaminhado agora ao hospital. Teve uma nova crise, a pressão despencou. Ele está inconsciente, mas estabilizado. Achei melhor informar imediatamente.
O mundo ao redor pareceu perder o foco. O som do restaurante virou um ruído surdo. Meu pai... outra crise?
— Estou indo agora. Pra onde estão levando ele?
— Hospital Monte Real. Unidade central.
Desliguei antes de ouvir mais. Me voltei para Camila, que já me observava com os olhos semicerrados.
— Aconteceu alguma coisa?
— Meu pai... ele teve uma crise. Estão lev