Nos sentamos no banco do corredor. Camila segurava minha mão com os dedos entrelaçados nos meus. O silêncio agora era outro — não do desconforto, mas da presença real.
— Eu pensei em tudo hoje — confessei. — Pensei em como eu estava levando a vida no automático. Negócios. Sucessão. Meu pai ditando regras. Mulheres que vinham e iam, como se fossem todas iguais. Mas aí você apareceu. Do jeito mais aleatório, mais inconveniente... e mais certo.
Ela me encarou.
— E agora?
— Agora? — respirei fundo. — Agora eu quero te proteger. Quero te amar, Camila. Sem regras do meu pai, sem contratos, sem fingimentos. Se você permitir... eu quero tudo com você.
Ela ficou em silêncio. Então sorriu, com um canto da boca.
— Você sabe que isso é só o começo, né?
— E que começos assim são raros. E valem a pena.
O celular vibrou de novo. A enfermeira avisava que meu pai estava sendo levado para um quarto, fora de risco imediato.
Suspirei de alívio, sentindo que o pior havia passado.
Mas dentro de mim... algo