O jato da família Schneider corta o céu de forma elegante, como se tivesse pressa de voltar para casa. Lá dentro, o ambiente é silencioso, aconchegante. Jonathan observa Marta sentada ao seu lado, com um livro aberto nas mãos, mas o olhar distante pela janela. Eduardo cochila em uma poltrona mais afastada, com os braços cruzados e os óculos escorregando pelo nariz.Jonathan estica a mão e segura a dela, com delicadeza.— Tá tudo bem? — ele pergunta, a voz baixa.Marta sorri e fecha o livro. — Tá. É só aquela sensação estranha de voltar. Como se a gente tivesse vivido algo paralelo… e agora a vida real estivesse esperando na porta.— Mas a gente mudou lá. E é com essa nova versão que a gente vai lidar com o que vier aqui.Ela se encosta no ombro dele, respirando fundo. — Eu só espero que essa nova versão continue existindo depois que a rotina bater.Jonathan beija o topo da cabeça dela. — Vai depender de nós dois. E eu tô dentro, até o fim, por você, minha vida.O pouso em São Paulo
O sol mal começou a aquecer São Paulo quando Marta já está na cozinha da mansão Schneider, de avental e cabelos presos de qualquer jeito. Ela canta baixinho, mexendo o café fresco na garrafa térmica enquanto fatia frutas e coloca o pão na torradeira. O cheiro de café recém passado e pão quentinho se espalha, preenchendo o ambiente com um ar de lar, de começo novo.Jonathan entra sonolento, os cabelos bagunçados e o olhar ainda meio perdido. Para na porta, cruzando os braços enquanto observa a cena.— Isso é um sonho ou você virou oficialmente minha esposa dos anos 60?— Se for sonho, melhor não acordar, não é? — ela responde, servindo as duas xícaras. — E para sua informação, o feminismo permite amar e cuidar sem deixar de ser independente.Ele se aproxima por trás, beija a nuca dela e sussurra:— Você é tudo o que eu quero. Feminista, brava, sensual... e minha.— Toma logo seu café antes que eu me arrependa.Eles sentam-se à mesa, os pés se tocando discretamente debaixo. Entre goles
Quando o relógio marca o fim do expediente e as luzes do Grupo Schneider começam a se apagar, há um tipo de magia silenciosa no ar. A cidade ferve lá fora, mas dentro da empresa, tudo parece se aquietar em torno de um único detalhe: Marta e Jonathan saem juntos, lado a lado, sorrindo como se o mundo lá fora não importasse. E talvez não importe mesmo. Porque quando os olhos dele encontram os dela no elevador, é como se o tempo se dobrasse para abrigar só os dois.No carro, o clima é leve. As mãos se buscam no silêncio confortável da rotina que começa a se formar. Marta ri de algo bobo que Jonathan diz, e ele se permite observá-la por um segundo a mais, como se quisesse memorizar cada expressão.— Você percebe que a gente parece aqueles casais de filme? — ele pergunta, com um sorriso meio torto. — Casais de filme brigam, se desencontram, fazem drama e depois se beijam na chuva — ela responde, com o olhar divertido. — A gente só tá tentando chegar vivo em casa no trânsito de São Paulo.
UM ANO DEPOISO amor deles não é apenas sentido, ele é visto, ouvido e quase tocado. Marta e Jonathan são como uma chama alta e constante, daquelas que aquecem sem consumir, que brilham sem cegar. Por onde passam, arrancam olhares e suspiros, não por ostentação, mas pela aura de plenitude que carregam. O que construíram entre si é mais do que paixão, é uma força silenciosa que se derrama pela casa, ecoa nos corredores do Grupo Schneider e paira sobre os resultados surpreendentes da empresa. Há uma harmonia pulsante no ar, como se o universo os tivesse alinhado para um tempo de colheita, como se eles estivessem apenas começando.O sol mal atravessa as cortinas brancas da cozinha moderna quando Marta aparece descalça, usando uma camisola de seda azul e um sorriso ainda mais suave. Jonathan já está à mesa, de camisa branca, mangas dobradas até os cotovelos e um olhar que para nela como se fosse a primeira vez, mas isso acontece todos os dias.— Dormiu bem? — ele pergunta, estendendo-lhe
O som dos saltos de Marta ecoa com firmeza pelo corredor envidraçado do último andar. Ela segura uma prancheta contra o peito, com uma expressão confiante, os cabelos presos num coque elegante, os óculos de leitura caindo suavemente sobre o nariz. Nada mais na vida dela lembra a menina tímida de um ano atrás.Agora, ela é aluna de Administração na melhor universidade de São Paulo, braço direito do presidente do Grupo Schneider e, principalmente, uma mulher apaixonada e amada por Jonathan.Na sala de reuniões panorâmica, o clima é leve, mas carregado de números impressionantes. Gráficos projetados mostram crescimento, estabilidade, liderança de mercado. E no centro de tudo isso estão eles.— Um lucro líquido inesperado, maior que o do último ano. E olha que esse mercado anda instável — diz Islanne, com um sorriso satisfeito e o tablet nas mãos.— Estável pra quem não sabe onde pisa — rebate Jonathan, com aquele ar seguro que se tornou marca registrada dele. — Nós soubemos exatamente o
O mundo lá fora pode girar no caos do imprevisível. Mas aqui, entre quatro paredes, tudo que existe é ela. Marta. Espalhada entre os lençóis, nua, ofegante, entregue. Um corpo que pulsa, um coração que geme, uma alma que se desmancha inteira sob o olhar daquele homem.Jonathan está sobre ela, mas também dentro, ao redor, por trás de cada centímetro de sua pele. Seus olhos ardem com uma intensidade que beira a loucura. É um desejo que vai além do físico, é possessão, é necessidade, é um tipo de amor que corrói e consome.Ele não diz nada por um longo instante. Apenas a observa. Como se estivesse diante de um milagre raro e perigoso. Como se soubesse que tudo ali é precioso… e também volátil.E então sua voz vem, grave, rouca, carregada de uma luxúria crua.— Abre essas pernas para mim.Não é um pedido. É um comando. Um decreto entoado com reverência e fome. Ela obedece, sem hesitar. E em um segundo, a boca dele está nela, quente, exigente, alucinada. Ele a devora com a fome de um fami
A noite cai como um manto pesado sobre São Paulo. O céu nublado engole os últimos traços dourados do pôr do sol enquanto a cidade pulsa, viva, frenética. No grupo Schneider, Marta retoca o batom diante do espelho, enquanto Jonathan observa de longe, afrouxando a gravata e girando levemente um copo de whisky meio vazio na mão. Ele já tomou algumas doses com Ravi mais cedo no grupo, enquanto discutiam metas e estratégias. Mas ali, agora, o olhar dele está mais sombrio. Mais intenso.Eduardo dirige o carro, calado, até Jonathan dispensá-lo de forma seca ao chegar em casa.— Pode ir, Eduardo.Eduardo hesita, mas obedece. Marta percebe a tensão, mas não comenta.Minutos depois, eles seguem para o restaurante, ambiente luxuoso e reservado para executivos de alto escalão. Ao chegarem, Jonathan está mais sério que o normal, o hálito carregado de whisky, sussurra o início de um problema. Marta o segura pelo braço com carinho, tentando suavizar o clima.O empresário os espera já à mesa. Um home
Jonathan afunda mais um copo de whisky na garganta enquanto a mansão se fecha no silêncio ensurdecedor da ausência de Marta. Os olhos dele, vermelhos de bebida e raiva contida, vagam perdidos pela sala. Tudo ali tem cheiro dela, traços dela. E ele, como um furacão desgovernado, destruiu o que mais amava.Pega o celular, com os dedos trêmulos, e liga para o seu piloto pessoal.— Prepare o jato. Agora. — a voz arrastada não deixa espaço para argumentações.— Destino, senhor?— Campos do Jordão.Sem esperar resposta, ele desliga. Ele precisa sumir. Precisa fugir dele mesmo.Enquanto isso, Marta, ainda trêmula, se fecha no antigo quarto. O quarto que usava quando ainda não dividia a cama e a vida com Jonathan. O peito arde, o pescoço marcado lateja, e o silêncio da casa pesa como mil toneladas. Ela passou a noite acordada, olhos abertos, coração despedaçado. Deitada na beira da cama, com a mala aberta no chão, decide que é hora de ir. Hora de fechar o ciclo, ainda que ele a rasgue por den