Mundo ficciónIniciar sesiónSophia
Assim que saio da minha sala, percebo de relance uma figura muito parecida com a Emily saindo da sala do Simon e correndo em direção ao elevador. — Aquela não era a Emily Backstreet? — pergunto à recepcionista, que também se espanta com o comportamento da Emily. — Sim, senhora. Ela entrou na sala do Sr. Bayer e saiu agora — responde, e noto que sabe mais do que está dizendo. — Obrigada, Srta. Mellany — agradeço e sigo em direção à sala do meu pai, mas resolvo voltar e fazer outra pergunta à recepcionista, que vê quem entra e sai do elevador e para onde vai. — Srta. Mellany, a Sra. Backstreet vem muito aqui visitar o Sr. Bayer? — De vez em quando, Srta. Foster — responde sem me olhar nos olhos, como quem quer esconder o que sabe. — Por favor, seja mais específica, senhorita — não gosto de ser arrogante, mas há momentos em que preciso ser direta para não receber respostas evasivas. — Desculpe-me, Srta. Foster, mas não quero ser intrometida ou causar problemas — sua aflição não me cheira bem. — Que tipo de problema pode causar, fazendo seu trabalho e falando a verdade? — insisto. — Bem, senhorita... a Srta. Backstreet vem com muita frequência visitar o Sr. Bayer, mas geralmente aparece quando a senhorita não está na empresa ou está viajando. Essa informação me deixa em suspense. O que será que a Emily quer com o Simon que eu não possa saber? Será que estão preparando alguma surpresa para mim antes do casamento? Minha amiga é tão maluquinha que não duvido que esteja tramando algo para me tirar da rotina. — Obrigada mais uma vez, Srta. Mellany — digo e sigo para o meu destino. — Oi, Beth, avisa ao Sr. Foster que estou aqui. Ele já está me aguardando — peço à secretária do meu pai, uma senhora de 58 anos que está conosco desde o início e me viu crescer. — Tudo bem, senhorita. Pode entrar. Ele me avisou que viria e pediu que entrasse assim que chegasse — diz com toda a simpatia que já conhecemos. — Obrigada, Beth — pisco para ela e entro na sala do meu pai. — Boa tarde, papai — vou até ele e o abraço com um beijo no rosto. — Está bem mesmo, hein! A mamãe sabe que saiu cheiroso desse jeito? — brinco, enquanto me sento em uma das poltronas em frente à sua mesa. — Não seja maldosa, sua pirralha — ele ri do meu comentário e se acomoda na cadeira. — O que traz você aqui, Sophia? Olho para ele, tentando decidir por onde começar. A reunião, o Simon, a Emily... tudo parece entrelaçado de um jeito que ainda não consigo entender. Mas algo me diz que essa conversa vai revelar muito mais do que eu esperava. — Papai, o que sabe sobre essa viagem repentina do Simon? Ele tinha uma reunião com os consultores da empresa de investimentos em Boston ainda esta semana, e acabei de saber que foi adiada para a próxima — e que eu é quem devo ir. Isso é impossível, papai! É a semana do nosso casamento. Ele deveria ter resolvido isso antes, para que pudéssemos participar dos eventos pré-casamento. E, além do mais, ele nem sequer me falou nada. Eu não sou apenas a noiva — sou a CEO desta empresa. Precisava ter sido informada dessa mudança. Esse investimento fará toda a diferença nos nossos resultados a médio prazo — despejo minha frustração de uma vez diante dele. — Ele me avisou que precisava viajar para resolver alguns problemas pessoais, mas não entrou em detalhes — meu pai responde, mexendo nos papéis espalhados sobre a mesa. Conhecendo-o bem, sei que está tentando desviar minha atenção, se fazendo de desentendido. — Sr. Foster, eu te conheço muito bem e sei que está me escondendo algo — digo, sentindo a angústia crescer. O comportamento do Simon, da Emily e agora do papai... tem alguma coisa acontecendo, e ninguém quer me dizer. — Eu não estou escondendo nada, minha filha — ele se levanta da cadeira e vai até o bar em seu escritório, servindo-se de uma bebida. Mais um sinal de nervosismo. — Você está estressada e ansiosa com esse casamento. Já pensou em adiar? Você não pode faltar a essa reunião com os consultores em Boston. Como você mesma disse, o investimento é muito importante para nós. — Papai, você está se ouvindo? Como posso adiar um casamento que está sendo organizado há mais de um ano, faltando apenas dez dias para a cerimônia? Ficou louco? — me vejo agora realmente irritada com esse pedido absurdo. — Sophia, tivemos perdas significativas durante o período pandêmico. Precisamos buscar recuperar nossos ativos, e não podemos nos arriscar a perder essa possibilidade de investimento na Foster — ele parece perturbado. Tenho certeza de que há algo a mais nessa história. — Papai, eu, mais do que ninguém, quero alavancar nossos resultados. É para isso que tenho trabalhado incessantemente nos últimos anos, muitas vezes deixando meu relacionamento de lado para atender aos interesses da empresa — e o senhor sabe disso. Pondero, tentando manter a calma, mas meus olhos seguem atentos a cada gesto, cada hesitação. — Eu sei, filha. Você tem se dedicado muito à Foster, e eu não posso deixar de reconhecer isso. Mas este momento é muito delicado, e seu casamento está no meio disso tudo... — ele interrompe o que iria dizer e para diante da janela panorâmica, encarando o horizonte com uma das mãos no bolso e a outra segurando sua bebida. Parece viver um dilema. — Bem, Sr. Foster... — ele odeia quando o chamo assim quando estamos a sós; sabe que estou sendo sarcástica ou que estou chateada. — Sei que está me escondendo alguma coisa, e não posso administrar esta empresa sendo excluída de decisões que impactam diretamente a Foster — digo, levantando-me para sair da sala. — Esse comportamento do Simon é extremamente irresponsável no âmbito profissional. E, quanto ao fato de ele ser meu noivo, esse distanciamento é muito estranho para acontecer justamente poucos dias antes do nosso casamento. Saio da sala com a certeza de que algo muito sério está acontecendo. Só me resta descobrir o quê. Nos últimos meses, o Simon tem agido de forma cada vez mais estranha. Eu não me preocupei tanto, pois estávamos focados na organização do casamento e sobrecarregados com os compromissos da Foster. Mas agora, com tantas peças fora do lugar, não posso mais ignorar os sinais. E talvez, a verdade que todos estão tentando esconder esteja mais próxima do que imagi






