Priscila Narrando
Abri a janela do quarto e deixei o vento gelado da manhã bater no meu rosto. Respirei fundo, tentando acalmar o turbilhão dentro de mim. Ultimamente, parecia que eu estava vivendo numa corda bamba, tentando equilibrar tudo ao mesmo tempo — meu filho, meu trabalho, meus sentimentos, meu passado.
Mas hoje... hoje eu senti algo diferente.
Talvez fosse o jeito como o Everton me olhou ontem. Ou o jeito como meu filho sorriu quando os dois voltaram juntos do treino. Por um segundo, me permiti imaginar uma vida tranquila. Uma rotina em que eu não precise mais olhar por cima do ombro.
Só que a vida nunca foi gentil comigo por muito tempo.
Desci pra cozinha e preparei um café. Enquanto o cheiro forte tomava conta do ambiente, pensei na minha mãe. Ela sempre foi meu pilar, mesmo com os defeitos dela. Fiquei tentada a ligar e contar tudo o que andava acontecendo, mas... algo me impediu. Talvez fosse medo do julgamento, talvez fosse só cansaço.
Sentei à mesa, encostei a xícara