Everton Narrando Quando voltei pra casa naquela noite, minha cabeça tava cheia. A conversa com o moleque, o olhar da Priscila, o Luiz Fernando aparecendo bêbado na minha porta… parecia que a vida tinha decidido jogar tudo de uma vez no meu colo. Mas o pior de tudo era esse sentimento que tava crescendo dentro de mim — forte, insistente. Era ela. Sempre ela.Me joguei no sofá, ainda sentindo o gosto do beijo que ela me deu antes de me afastar. Foi rápido, mas ficou marcado como se tivesse tatuado na alma. Ela tá tentando se proteger, eu sei. Tá com medo, com dúvidas, com feridas abertas que não se curam fácil. Mas eu tô aqui. E não vou fugir.Fechei os olhos por um momento. A imagem dela rindo com o filho, o jeito que ela me olha quando esquece por um segundo tudo o que passou. É nisso que eu me apego. Porque é ali que eu enxergo o futuro que quero construir com ela.Não vai ser fácil. Tem muita bagagem no caminho. Tem um ex tentando voltar, uma mulher obcecada querendo destruir tudo
Priscila Narrando Quando ele entrou, percebi no mesmo instante o quanto estava abalado. O olhar cansado, os ombros pesados, como se carregasse o mundo inteiro nas costas. A raiva que ele sentia do pai ainda vibrava no ar, mas aos poucos, conforme fomos conversando, senti o peso sair dos olhos dele… e pousar nos meus.Sentamos no sofá, e ali, entre silêncios e desabafos, o clima começou a mudar. A tensão antes carregada de frustração, agora dava lugar a algo mais denso… mais íntimo. Nossos olhares se cruzavam com mais frequência, e a distância entre nós parecia diminuir a cada segundo.Everton passou a mão nos meus cabelos, com um carinho que me arrepiou inteira. — Você sempre sabe o que dizer, Pri… — ele disse, a voz rouca, baixa.Meu coração acelerou. Eu senti. Ele sentiu. Era impossível negar.Quando percebi, ele já estava mais perto, e eu não consegui nem quis me afastar. Seus dedos tocaram meu rosto devagar, como se testassem se eu era real. E antes que qualquer palavra fosse d
Neuza Narrando Meu nome é Neuza, tenho 55 anos, sou uma mulher de aparência simples, mas de coração forte. Meus cabelos são castanhos-claros, com alguns fios brancos que resolvi não pintar mais são parte da minha história, e me orgulho deles. Meus olhos são castanhos escuros, atentos, daqueles que enxergam além do que se diz com palavras.Sou mãe da Priscila. Minha filha é meu maior orgulho. Criei ela sozinha, com muito esforço, dedicação e amor. Sempre fui aquela mulher que luta com unhas e dentes pelos seus, e com a Pri não foi diferente.Ela tem um coração bom, mas vive se doando demais… e às vezes se machuca por isso. Ultimamente, tenho visto ela confusa, dividida, tentando manter a força por causa do Luiz, meu neto amado. E eu, como mãe, sinto de longe quando tem algo pesando no peito dela.Não interfiro nas escolhas dela, mas fico aqui, sempre por perto. Pronta pra segurar, acolher e, se precisar, dar um puxão de orelha também. Porque amor de mãe é isso firmeza e ternura na me
Everton Narrando Estava no escritório, os papéis espalhados pela mesa, mas minha cabeça longe dali. Desde a última conversa com a Priscila, eu andava com o coração acelerado e a mente inquieta. Nem o silêncio que costumava me concentrar ajudava mais.Ouvi a campainha tocar na recepção e nem levantei os olhos. Devia ser alguma cliente atrasada ou a secretária com mais uma intimação. Só que, segundos depois, ouvi batidas leves na porta do meu gabinete.— Pode entrar — falei, ainda sem levantar.Quando a porta se abriu e ouvi a voz:— Everton?Levantei o olhar e congelei por um segundo. Não era cliente, não era a secretária. Era uma senhora, elegante, cabelos grisalhos bem cuidados, olhar firme… reconheci na hora. Neuza. Mãe da Priscila.Me levantei imediatamente.— Dona Neuza? O que a senhora tá fazendo aqui?Ela deu um passo à frente, sem perder a calma.— Vim conversar com você. Podemos?Engoli seco. Se ela veio até aqui, não era pra falar de clima ou política. Era sobre a filha dela
Priscila Narrando Me chamo Priscila e tenho 27 anos. Sou loira, de cabelos lisos que caem até a metade das costas, olhos verdes que todo mundo sempre diz que chamam atenção e eu confesso que já usei isso a meu favor mais de uma vez. Meus cílios são naturalmente longos, o que me poupa alguns minutos na maquiagem, e minha boca... bom, já ouvi que é bonita demais pra ficar calada. Meu corpo? Sempre cuidei dele. Nada exagerado, mas o suficiente pra me sentir bem quando me olho no espelho e fazer alguns olhares se virarem quando passo. Não sou perfeita, mas tenho meu charme. E aprendi, depois de tudo que vivi, que esse charme vai muito além da aparência.Hoje, além de ser mãe de um menino incrível, sou gerente de uma loja. Uma mulher que já amou, que já se decepcionou, mas que decidiu recomeçar. O que eu não esperava... era que o passado, em forma de um CEO arrogante e sexy, fosse bater na minha porta. Ou melhor, entrar pela porta da loja. E bagunçar tudo outra vez.Lembro como se fosse
Everton Narrando Me chamo Everton, tenho 31 anos e aprendi cedo que nada nesse mundo vem de graça. Cabelos castanhos escuros, olhos da mesma cor intensos, dizem. Minha barba é sempre bem feita, porque eu gosto de manter tudo no controle, até a imagem que passo. Corpo definido, porque disciplina é algo que levo a sério tanto nos negócios quanto na cama. Não nasci em berço de ouro. Conquistei tudo o que tenho com estratégia, suor e, sim, uma boa dose de frieza. Hoje, sou CEO de uma das empresas mais promissoras do setor, com contratos milionários, viagens internacionais, e mais gente querendo minha atenção do que eu consigo contar.Mas nada disso importa quando eu penso nela.Priscila.A mulher que eu deixei pra trás quando ainda era um ninguém tentando se tornar alguém. A mulher que, mesmo depois de anos, ainda habita meus pensamentos nas noites mais silenciosas. Eu construí um império... mas o trono parece vazio sem ela.Voltei não só pelo sucesso. Voltei pra buscar o que realmente
Priscila Narrando O dia tava corrido na loja. Eu tava ocupada com estoque, notas, clientes, tentando manter a mente longe dele. Do maldito Everton. Mas era impossível. Desde que ele apareceu, eu me sentia como se tivesse acordado dentro de um terremoto emocional. Um caos silencioso por dentro.Então o motoboy chegou.— Entrega pra gerente — ele disse, e me estendeu uma caixinha pequena, sem remetente.Arqueei a sobrancelha, estranhei, mas aceitei. Voltei pro escritório, fechei a porta e sentei com a caixa sobre a mesa. Meu coração já começou a bater mais forte antes mesmo de abrir. Tinha algo ali. Algo que me chamava como se já fosse parte de mim.Abri a tampa devagar.O lenço.Meu lenço.Azul claro, com meu cheiro de anos atrás… um cheiro que ele não devia mais lembrar. Mas lembrava. E guardou.Engoli seco. Meus dedos tremiam quando toquei o tecido. Eu não usava aquilo desde… desde as noites com ele. Quando o mundo lá fora era pesado demais e o peito dele era o único lugar que fazia
Everton Narrando Eu sempre soube o que queria. Desde pequeno, vi o que o mundo tinha a oferecer e, ao invés de aceitar a vida como ela era, decidi moldá-la do meu jeito. O caminho não foi fácil, mas nada realmente valioso é. E aqui estou, com 31 anos, meu próprio império, e as pessoas que nunca acreditaram em mim agora se curvam. Mas, no fundo, não é disso que eu preciso.O que eu realmente preciso… é dela.Priscila.Sempre foi ela. Mesmo quando eu tentei me convencer de que a vida profissional, o sucesso e o reconhecimento eram o suficiente, havia um buraco. Um vazio. Algo que eu não conseguia preencher. E, honestamente, nunca pensei que fosse encontrá-la de novo, depois de tudo que aconteceu. Mas o destino tem seus próprios planos, e, por algum motivo, ele me trouxe de volta pra ela.O cheiro do perfume dela ainda paira no ar quando fecho os olhos. O som da risada dela, aquele jeito despreocupado, como se nada no mundo pudesse quebrar sua essência. Mas eu sabia que ela estava quebr