Priscila Narrando
Quando o Everton me abraçou, meu corpo reagiu antes da minha cabeça. Era como se uma parte de mim tivesse esperado por aquilo… mesmo que a outra parte gritasse para eu recuar.
O toque dele ainda era familiar. Forte. Protetor. Mas dessa vez, havia algo diferente. Não era só desejo. Era entrega. Era arrependimento. E também algo que eu tentava evitar: sentimento.
Me afastei devagar, olhando nos olhos dele. Eu precisava manter o controle. Precisava lembrar tudo o que passei. Tudo o que chorei. Tudo o que me prometi depois que a gente se separou.
— Everton... — minha voz saiu mais baixa do que eu esperava — não confunda esse abraço com perdão. Ainda tem muita coisa mal resolvida entre a gente. Eu ainda tô machucada. Ainda tô confusa. E ainda tô com medo.
Ele assentiu com um olhar firme, mas respeitoso. E isso mexeu comigo mais uma vez. O Everton de antes teria forçado, teria argumentado, teria dado um jeito de me convencer. Esse... só ficou ali. Presente. Me ouvindo.
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