Vinícius Narrando
Cadeia não é lugar pra homem fraco. Aqui é selva de concreto, onde quem não se impõe, vira piada de preso e brinquedo de ladrão.
Conseguir um celular aqui dentro custa caro. Um favor pra um, proteção pra outro, e um monte de gente querendo morder o pedaço. Mas o preço que eu pago é por fora — dentro da minha mente, não tem paz. Desde que prenderam minhas pernas, minha cabeça não parou. E agora, com a velha sumida e a Brenda voltando pra São Paulo, eu precisava ter controle. Nem que fosse do inferno.
Sentei na privada de cimento, escondi o celular pequeno na barra da calça e digitei o número do Rodrigo. O toque demorou, mas quando atendeu, o som abafado da rua entrou nos meus ouvidos.
— Fala, chefe. Tô aqui.
Era o Rodrigo, sempre na espera do meu comando.
— Como tá a velha? — perguntei, já impaciente.
— Tá viva, mas chata pra caralhø. Ficou chorando a noite toda, perguntando da neta. Brenda voltou ontem pra São Paulo. Mandou um recado, disse que fez tudo direitinho.