Ana Kelly Narrando
Seis meses. Meu Deus… seis meses que a Antonela chegou nas nossas vidas.
E hoje, justo hoje, no dia em que ela faz meio aninho, eu tô aqui, parada na frente do espelho, com o uniforme passado, a bolsa pronta e um nó no peito que nem sei explicar.
Não é arrependimento. Eu decidi voltar. Eu quis. Me preparei. Mas ninguém me avisou que o peito ia doer desse jeito.
Olhei pro berço pela milésima vez naquela manhã. Ela dormia com a boquinha entreaberta, o cabelo bagunçado grudando na testa, e aquele cheirinho doce de bebê espalhado pelo quarto.
Meu coração apertou.
— Vai com calma, Ana… você consegue — falei pra mim mesma, tentando dar força à mulher que tinha escolhido voltar a ser profissional, sem deixar de ser mãe.
Peguei a bolsa da Antonela com as trocas de roupa, os paninhos, o brinquedinho preferido e tudo o que a vovó Luísa já sabia usar, mas que eu fiz questão de separar com carinho. Cada detalhe. Cada dobrinha da roupa checada duas vezes. É, mãe é isso mesmo: e