Anthony narrando

Desde o momento em que o avião decolou de Nova York, meu peito estava em chamas. A raiva não me dava descanso. Raiva dela ter ido. Raiva de não poder fazer nada. Raiva de não estar no controle. E por mais que eu soubesse quem a Ana Kelly era — uma mulher centrada, inteligente, estrategista, filha da minha mãe por afinidade e força — nada me impedia de me sentir frustrado. Inútil. A quilômetros de distância, sem qualquer poder real de protegê-la.

Eu caminhava de um lado para o outro na sala com a Antonela no colo, até que Josefa apareceu com aquele olhar calmo que só ela conseguia manter em meio ao caos.

— Já deu banho, mamou, arrotou e dormiu. A febre passou, tá com a barriguinha cheia. Tá bem — disse com ternura, estendendo os braços.

Entreguei minha filha com relutância, ainda olhando para ela como se o perigo estivesse à espreita em cada sombra.

— Pra isso serve a calma de uma menina dessas… — murmurei mais pra mim do que pra Josefa.

— Serve pra manter um pai intei