Ana Kelly narrando
O quarto estava escuro, silencioso… mas minha mente parecia um furacão. O relógio já tinha passado das três da manhã e, mesmo assim, meu corpo não se entregava ao sono. Eu virava de um lado para o outro, com os olhos fixos no teto, tentando empurrar para longe as imagens da Antonela chorando no vídeo, tentando não pensar em onde ela estaria agora. Mas era impossível.
A respiração saía pesada, o peito doía. Como uma mãe consegue dormir sem saber onde está a filha? Como se acalma um coração que foi arrancado do peito?
Levantei da cama devagar, tentando não acordar a Karen nem a dona Luísa. Caminhei até a janela do quarto do hotel. As luzes de Nova York pareciam zombar da minha dor. Tanta gente vivendo, sorrindo, sonhando… e eu ali, morta por dentro.
Meus braços estavam vazios. Era como se minha alma tivesse ficado no Brasil, junto com a minha filha.
— Minha filha… você ainda não dormiu? — a voz de dona Luísa me pegou de surpresa. Me virei e vi ela encostada no batente