Anthony Narrando
O helicóptero tocou o chão com firmeza no campo atrás da casa do meu pai. Eu nem esperei a hélice parar por completo. Saí com Antonela nos braços, protegida pela manta azul-clara, o rostinho colado no meu peito, ainda sentindo o calor do medo que passei por ela. Cada passo que eu dava naquele gramado era como um peso sendo arrancado do meu corpo.
— Chegamos, minha princesa… — sussurrei com a voz embargada. — Esse lugar aqui é sagrado. É a casa do vovô e da vovó. Tá pronta pra conhecer a sua casa, meu amor?
Ela dormia. Mas o coraçãozinho dela batia forte e seguro contra o meu. Eu a envolvi mais firme nos braços, como se o mundo ainda pudesse tentar arrancá-la de mim.
Meu pai vinha logo atrás, com o rosto duro, a arma ainda na cintura. Ele não falou nada — não precisava. Só me deu aquele olhar firme de que tudo agora dependia da gente manter o controle.
Atravessamos o gramado. A cada passo que eu dava em direção à porta dos fundos, meu peito se enchia de uma mistura de