Ana Kelly Narrando
O celular vibrou no meu colo, a tela iluminou o quarto escuro. Era uma mensagem de vídeo. Minha mão tremeu quando toquei para abrir.
Aquela imagem congelou meu peito. Era a Antonela — minha filha pequena, com só dois dias de vida. A carinha vermelhinha, os olhinhos fechados, o rostinho franzido de quem só sabe chorar. E ela chorava, daquele jeito que só um bebê recém-nascido sabe fazer: aquele chorinho alto, cortante, cheio de aflição e medo.
Não tinha palavras, não tinha “mamãe” saindo da boca dela — só aquele choro que me rasgava o peito. O choro que só um bebê que está perdido, assustado, e sozinho pode fazer.
Eu podia sentir o desespero dela, mesmo através da tela fria do telefone. Meus olhos ardiam, e as lágrimas escorriam em silêncio. Eu apertava o celular com força, como se pudesse puxar ela para perto de mim.
Minha voz falhou quando tentei falar, mas nada saiu. Só um soluço preso na garganta, uma dor que parecia explodir dentro do meu peito.
— Antonela, minh