Bárbara narrando
O som da chamada cifrada tocou três vezes antes de ser atendida. O homem do outro lado não falou nada, só respirou fundo, sinal de que estava em um lugar seguro. Apertei o celular contra o ouvido e encostei o corpo na parede de vidro da cobertura em que eu estava escondida, olhando para o céu carregado lá fora. A tempestade vinha, e não só no clima.
— Está tudo sob controle? — perguntei, com a voz firme, mas baixa.
— A bebê está bem. Alimentei agora há pouco, e ela dormiu — respondeu a voz masculina, arrastada. — Mas precisamos agilizar. Quanto mais tempo ela ficar aqui, mais arriscado fica.
Fechei os olhos por um segundo. Eu sabia que aquilo era loucura, mas também sabia que, às vezes, para se fazer justiça, era preciso sujar as mãos.
— O passaporte dela está quase pronto. Meu contato no consulado italiano cuidou disso pessoalmente. A identidade falsa deve estar em mãos amanhã. Você já providenciou a saída?
— Tenho duas rotas. Uma por estrada, até o Uruguai. A outra