Karen Narrando
Depois daquele abraço, eu fiquei ali, sentada no quarto com a Ana Kelly e a Dona Luisa, mãe do Anthony. Era um silêncio pesado, daqueles que pesam no peito, mas que só a presença uma da outra conseguia aliviar um pouco. A Dona Luisa segurava firme a mão da Ana, tentando passar calma, mas era visível que o medo também morava dentro dela.
— Eu sei que é difícil, minha filha — dizia Dona Luisa com voz macia, olhando nos olhos da Ana Kelly —, mas a gente vai fazer de tudo pra achar a Antonela. Esse hospital vai pagar caro, pode ter certeza.
Ana Kelly só conseguia respirar fundo, tentando não se deixar afundar naquele mar de angústia.
— Eu não sei como alguém pode ser tão cruel — ela falou baixinho, com a voz embargada —, tirando meu bebê de mim quando eu mal tive tempo de me acostumar com a ideia de ser mãe.
— A gente vai atrás, Ana. Não vou deixar isso passar — eu falei firme, segurando o ombro dela —. A polícia, o advogado, tudo vai funcionar a nosso favor. E teu marido…