Sr. Carter narrando
Meu filho desceu as escadas com o semblante carregado. Conheço cada traço daquele rosto, cada olhar — e o que vi ali não era só dor de pai… era raiva contida, uma revolta que queimava por dentro. Eu me levantei da poltrona assim que ele se aproximou.
— E aí, filho? Como tá a Ana Kelly?
Ele soltou o ar pela boca, como se a alma pesasse toneladas.
— Fraca. Triste. A doutora Gisele acabou de examinar ela… disse que o sangramento tá mais forte por causa do estresse. Vai medicar, mas... — ele engoliu seco —, ela tá destruída, pai.
Assenti com a cabeça. Não havia palavras pra consolar uma dor dessas, mas eu precisava manter a cabeça fria. Pra ele. Pra Ana. E, principalmente, pra Antonela.
— A pediatra também ficou o tempo todo com ela. A equipe que tá conosco tá se dedicando... mas nada disso muda o vazio que a gente tá sentindo.
Anthony me olhou firme, mas com um brilho de dúvida nos olhos. E quando falou, a voz saiu carregada.
— Pai… a doutora levantou u