Karen narrando
O telefone mal desligou e eu já tava trocando de roupa às pressas. O tom de voz do Anthony me deu um nó no estômago. Ana Kelly desaparecida? Não fazia sentido. Aquela mulher era metódica, cuidadosa, desconfiada até da própria sombra desde que saiu de São Paulo. Algo estava errado. Muito errado.
Saí de casa já ligando pro único nome que me veio à cabeça: Estevão.
— Fala, Karen. Que foi? — atendeu rápido, com a voz preocupada.
— A Ana sumiu. Saiu da empresa às quatro da tarde e não chegou em casa. Já são mais de onze da noite. Já procurei nos hospitais online e nada. Preciso da tua ajuda.
Ele não precisou ouvir mais nada.
— Tô pegando a chave do carro. Passo aí em cinco.
Cinco minutos depois, ele encostou com o farol alto me cegando. Entrei no carro e a gente partiu como se o tempo fosse inimigo. E era.
— Pra onde a gente vai primeiro? — ele perguntou, já acelerando.
— Carter’s. Vamos refazer o caminho dela.
A gente deu a volta no quarteirão das empresas Carter duas vezes