Karen Narrando
A verdade é que meus últimos dias foram uma montanha-russa. Briguei com o Estevão de novo. O motivo? O mesmo de sempre: ele querendo que eu largue o café de vez. Disse que não faz sentido eu continuar lá, que a gente já poderia estar morando junto, que ele já tem tudo pronto. E eu entendo, juro que entendo. Mas eu tenho meu tempo. E ele, com toda a paciência do mundo, ainda fica.
No fim das contas, nossas brigas sempre começam com gritos e terminam entre lençóis, suados, ofegantes, como se a raiva só acendesse mais a nossa vontade. Eu amo provocar ele por causa disso. Esse homem me tira do sério e do juízo, mas me leva direto pro céu também.
Acordei na casa do Estevão hoje. O sol já espiava pela cortina e o cheiro do corpo dele ainda grudado no meu. Estevão se espreguiçava do meu lado, aquele olhar preguiçoso que só ele tem.
— Tá na hora de levantar, mulher. — ele falou, rindo. — A gente vai se atrasar, e se eu não chegar na reunião dos Carter no horário, vão achar que