Anthony Narrando
Passei a chave na porta da minha sala, devagar, olhando por cima do ombro pra ter certeza de que ninguém tinha seguido a gente. Ana Kelly entrou primeiro, em silêncio, os olhos atentos como sempre. Assim que a trave girou, eu girei ela pela cintura e a empurrei devagar até encostar na parede. A expressão dela era firme, mas os olhos… os olhos entregavam tudo.
— Você foi longe demais na reunião — falei, com a boca colada na dela, sentindo sua respiração quente contra a minha. — Aquilo me pegou de jeito. Eu senti uma opressão, Ana. Todos os olhares… parecia que eu tava nu naquela sala.
Ela ergueu o rosto, com aquele ar debochado que me tira do sério.
— Não era pra parecer verdade? Então eu fiz parecer. Tá com medo de sentir demais, Anthony?
— Não estou com medo de sentir. Estou com medo de perder. — Aproximei ainda mais, roçando a boca na dela antes de selar um beijo que começou calmo, mas logo virou necessidade.
Ela me puxou pela gravata, e logo estávamos misturados,