Uma Carta para Clarice
Clarice,
Desde o momento em que você atravessou aquelas páginas, em que seus passos ecoaram pelos cenários que juntos construímos, tudo aqui continua, estranhamente, igual. As cenas se repetem, os diálogos que gravamos na memória ecoam pelos cômodos, e o céu, ah, o céu mantém o mesmo tom de azul profundo que você tanto amava, um azul que parecia se aninhar em seus olhos e refletir a imensidão da sua alma. A rotina se mantém inalterada, as horas seguem seu curso, mas o silêncio… Clarice, o silêncio ficou diferente. É um silêncio pesado, carregado de ausência, um eco constante do que não está mais aqui.
Eu genuinamente achei que estava fazendo o certo. Na minha limitada compreensão, ao te deixar partir, estava respeitando o que você precisava, aquilo que eu, em minha cegueira, acreditava ser sua maior aspiração. Pensei que você desejava outro mundo, um ritmo diferente, mais acelerado, talvez, ou mais vibrante do que o nosso. Imaginei que a vastidão lá fora te cham