O voo de Sofia aterrissou em São Paulo em uma manhã abafada de terça-feira. Ela sentiu uma mistura de emoções ao pisar novamente no solo brasileiro. Estava ansiosa para ver sua família, mas algo estava diferente agora. Não podia ignorar os sinais que surgiam em sua mente. Algo no passado de sua mãe, Emma, e nas histórias que ela começava a descobrir a cada conversa, parecia incompleto.Quando Sofia chegou à casa de Alexandre e Emma, a primeira coisa que fez foi correr até o quarto de Miguel, que estava brincando com os brinquedos. O sorriso do pequeno fez seu coração se aquecer.Emma estava na sala de estar, revisando algumas imagens de suas obras mais recentes. O peso da situação era visível em seus olhos. Ela levantou a cabeça assim que Sofia entrou na sala.— Sofia! Você voltou! — Emma a abraçou, sentindo alívio e carinho. — O que trouxe de Paris?Sofia olhou para a mãe, mas antes de responder, algo em seu peito a impediu de falar. Ela ainda não sabia como contar sobre o que encont
A chuva caía fina sobre os vidros da mansão naquela manhã silenciosa. Emma acordou cedo, inquieta. Depois do que descobriram na delegacia, a noite havia sido longa e carregada de pensamentos confusos. Ela se perguntava até onde Verônica tinha chegado em sua investigação… e por que ninguém a protegeu. Alexandre já estava no escritório, em uma chamada internacional. Miguel ainda dormia, e a casa estava em silêncio — um raro momento de calmaria, antes da próxima tempestade. Emma, com os olhos fixos em uma das pinturas em seu ateliê, viu algo que nunca havia notado. Uma figura escondida entre traços abstratos. Um rosto. O rosto de alguém conhecido. Ela se aproximou devagar, o coração acelerando. Era como se Verônica tivesse deixado mensagens nos quadros, códigos que Emma só agora estava aprendendo a decifrar. — Isso não é só arte… — murmurou. Ela puxou o quadro da parede. Atrás dele, havia uma pequena fissura. Com cuidado, retirou um envelope amarelado, selado com fita adesiva antiga
A noite havia se instalado, silenciosa e serena, sobre a mansão. O quarto de Emma e Alexandre estava imerso em uma luz suave, apenas iluminado pelos abajures delicados e pelas sombras que a noite lançava. A atmosfera era íntima, quase mágica. A chuva lá fora, caindo tranquilamente, parecia criar uma melodia suave que ecoava nas paredes do quarto, completando a sensação de acolhimento. Emma estava sentada na cama, seus pés descalços tocando suavemente os lençóis. Ela usava uma camisola delicada, de tecido leve e transparente, que delineava suas curvas com sutileza e elegância. A peça, elegante e ao mesmo tempo provocante, era um reflexo de sua confiança e sensualidade, algo que, com o tempo, ela aprendera a abraçar completamente. Os cabelos dela estavam soltos, caindo em ondas suaves sobre os ombros, e seus olhos estavam fixos em Alexandre, com uma intensidade que ele sabia muito bem como decifrar. Alexandre estava parado ao lado da cama, seus olhos observando-a com uma mistura de d
A manhã tinha começado como qualquer outra na casa de Alexandre e Emma. Miguel brincava no tapete da sala sob o olhar atento da babá, enquanto Emma se preparava para sair para um evento importante de sua carreira. Ela usava um vestido elegante, o rosto iluminado por aquele brilho natural que Alexandre tanto amava. — Volto logo — disse ela, sorrindo para ele enquanto ajeitava a bolsa no ombro. Alexandre se aproximou, a puxou pela cintura e deu um beijo demorado em sua testa. — Tenha cuidado. Me avise quando chegar lá. Emma sorriu. — Sempre aviso, meu amor. Ele observou enquanto ela entrava no carro, sem imaginar que seria a última vez, por um tempo, que veria aquele sorriso tão cheio de vida. Horas depois, o celular de Alexandre tocou. Era Marcos. — Senhor, desculpe ligar, mas… aconteceu uma coisa. A senhora Emma… — a voz dele tremia — Ela sofreu um acidente. Alexandre sentiu o chão desaparecer sob seus pés. — O quê? Que tipo de acidente? Onde ela está?! — a voz dele
As semanas se passaram. A recuperação de Emma era lenta, mas cada pequeno avanço era celebrado como um milagre por Alexandre e Miguel. Ela já conseguia caminhar com mais firmeza, falar com mais clareza. Mas as lembranças ainda vinham como fragmentos dispersos, pedaços soltos de um quebra-cabeça que ela tentava montar. Certa tarde, enquanto descansava no quarto iluminado pelo sol, Emma olhou para o homem sentado na poltrona ao lado de sua cama. Ele lia um livro para ela, como fazia todos os dias. O som da voz dele era tão reconfortante que seu coração apertou sem que ela soubesse explicar. De repente, uma imagem atravessou sua mente: Ela mesma, rindo, com um vestido branco leve, correndo pelas areias de uma praia, Alexandre atrás dela, sorrindo como se nada mais importasse no mundo. Emma levou a mão à cabeça, assustada. — Eu... eu vi... — sussurrou. Alexandre imediatamente fechou o livro e segurou sua mão. — O que você viu, meu amor? Emma tentou organizar as pa
O tempo seguia, e cada dia trazia uma nova conquista para Emma. A recuperação, que no começo parecia lenta e cheia de incertezas, agora avançava a passos largos. Emma já conseguia caminhar pequenos trechos com a ajuda de fisioterapia e força de vontade. Cada passo era motivo de celebração. Cada sorriso dela era como um novo nascer do sol para Alexandre. E Miguel, que antes era um bebê nos braços dela, agora era um garoto de quase sete anos, esperto, carinhoso, e totalmente apaixonado pela mãe. Ele se tornara a maior motivação de Emma. — Mamãe, segura na minha mão! — dizia ele, estendendo sua mãozinha para ela com uma confiança contagiante. Com o apoio de Miguel e Alexandre, Emma aprendeu a rir das dificuldades. Transformou a dor em combustível para continuar. Os dias eram ocupados por terapias físicas e sessões de memória, mas também por momentos felizes: almoços em família, jogos de tabuleiro que Miguel insistia em vencer, e longas conversas com Alexandre, que se
Sofia caminhava apressada pelos corredores do aeroporto, com o coração batendo mais rápido a cada passo. Cinco anos haviam se passado desde a última vez que ela esteve em casa. Cinco anos de saudade, de culpa, de esperança. Quando Emma entrou em coma, Sofia estava apenas começando sua carreira internacional. Se mudou para Londres, mergulhou nos estudos e no trabalho, tentando ser forte, mesmo com o coração dilacerado pela tragédia que abalou sua família. Durante todo aquele tempo, a ligação com Alexandre e Miguel era feita por chamadas de vídeo, ligações, mensagens... mas nunca era o suficiente. Ela sabia: o lugar dela era ali, ao lado deles. E agora, com a notícia do despertar de Emma, Sofia não pensou duas vezes — largou tudo e embarcou no primeiro voo de volta para casa. Assim que passou pelo portão de desembarque, seus olhos encontraram Alexandre e Miguel a esperando. Miguel, agora um rapazinho, correu na sua direção, rindo. — Sofiaaaaa! — ele gritou. Ela se a
Introdução Nunca passou pela minha cabeça que minha vida mudaria completamente ao atravessar os portões daquela casa. Eu só queria um emprego, algo que me desse estabilidade e me permitisse respirar em paz depois de tudo o que enfrentei. Ser babá da filha de um homem rico, poderoso e aparentemente inacessível não parecia parte de nenhum conto de fadas — e de fato, não era. Alexandre Vasconcelos era tudo que eu jamais pensei que me atrairia: frio, distante, cheio de cicatrizes que ele se recusava a mostrar. Um CEO de uma das maiores empresas do país, com um passado guardado a sete chaves e uma filha pequena precisando de cuidado e amor. Eu fui contratada para cuidar de Sofia... mas, no fim, foi ela quem me apresentou ao amor que mudaria minha vida. O que começou como um trabalho se transformou em algo que nenhum de nós previu. Uma conexão silenciosa, um sentimento que cresceu entre fraldas e histórias de ninar, entre noites de silêncio e olhares carregados de tudo que não podíamos