“- Eu mando o motorista, Ella” – desdenhei, enquanto contava a história toda para Amanda.
Obviamente eu tinha ligado correndo para a minha amiga. Eu não tinha a menor intensão de aparecer no escritório de Matt usando calça jeans e camiseta do Harry Potter. Mas, dito isso, eu não fazia ideia do que usar. Não era exatamente como se eu tivesse muitas opções.
- Ele é fofo – respondeu ela, mexendo no meu armário.
- Ah, claro. Vai ser muito fofo também quando o Bruno ou outra pessoa me ver entrando em um carro de luxo.
- Mete o foda-se, Ella! Você não está fazendo nada de errado.
- Eu sei! Mas você sabe que as pessoas não pensam assim...
- Você deveria se importar menos com o que as pessoas pensam! – Ela briga. – Ninguém tá pagando suas contas! Aliás, o Matt tá.
- Você sabe que eu não consigo ser como você!
Amanda revira os olhos e volta a se concentrar nas minhas roupas.
- Posso te emprestar algo, se quiser.
- Não posso ficar te pedindo roupas emprestadas toda vez que for sair com ele, Mandy, até porque isso vai se tornar algo constante.
- Você também não pode usar isso... – ela faz um gesto exagerado em direção ao meu armário.
- Hey! – Protesto.
- Amiga, você tem noção de que a família dele é dona de uma empresa de joias de luxo? Joias! – ela enfatiza. – Não dá pra você sair com ele usando seu “colar banhando a ouro” – ela faz as aspas com as mãos – que fica verde no primeiro contato com vapor, ou roupas sem corte e com tecido transparente. Você precisa comprar roupas.
- Eu já gastei a maior parte da grana, tá?
- Não precisa ser nada de grife... Só de qualidade. Vamos nos encontrar no shopping amanhã de tarde, tá? Nesse aqui perto de casa... Mas amanhã, acho que você pode usar... isso!
Ela coloca sobre a cama uma calça de couro preta (não couro original, claro, aqueles couros que começam a descascar na primeira oportunidade), uma blusa cinca e um blazer bege.
- Usa com aqueles seus saltos prateados, vai ficar elegante. Ou algo perto disso.
Amanda tinha razão. Ou menos sobre a parte de “algo perto de elegante”. Eu tinha saído de casa confiante de que estava bem-vestida, mas ao entrar no prédio da empresa de Matt, novamente eu me sentia um peixe fora d’água. Não era porque eu estava usando um blazer que eu estava elegante. O tecido parecia tão vagabundo agora!
- Posso ajudá-la?
- Eu... – me afasto do elevador, onde eu mal tinha me dado conta de que fiquei parada, e caminho até a mesa da recepção. – Eu vim ver o Matt.
- Senhor Lennox?
Puta que pariu, Lennox? Eu não fazia ideia de que esse era o sobrenome do Matt. Tudo bem, Amanda me disse que a família dele era dona de uma empresa de joias de luxo, mas... a Lennox? Sempre que eu passava em frente a uma loja da Lennox no shopping eu ficava consideravelmente mais pobre só de olhar na direção da vitrine!
- Senhorita? – A secretária me traz de volta a realidade.
- Ah, sim, Matt Lennox.
Puxo meu blazer mais para junto do corpo, como se isso pudesse me esconder. Estou me sentindo extremamente desconfortável sob os olhares da secretária e das outras pessoas na recepção. Todos claramente tentando entender o que uma pessoa como eu estava fazendo ali.
- Você tem horário marcado?
- Er... eu...
- Qual seu nome?
- Ella. Antonella.
Ela digita rapidamente alguma coisa no computador.
- Não encontrei seu nome, desculpa.
- Mas... é que...
- Desculpa, sem horário marcado, não posso fazer nada por você – imediatamente ela perdeu o interesse por mim e voltou a olhar para o computador.
- Mas o Matt pediu que eu...
- Escuta, você pode agendar um horário online, ok? – Nem ao menos me olhou.
- Ella? – Escuto a voz de Matt e automaticamente me viro naquela direção, respirando aliviada. – Achei que tinha ouvido sua voz – ele vem caminhando em minha direção. – Por que não entrou?
- Porque eu não tenho um horário marcado.
- Não seja ridícula – ele ri. – Desde quando minha namorada precisa de hora marcada?
Matt é tão rápido que só percebo seu movimento quando seus lábios já estão colados nos meus, em um selinho. Se eu tivesse qualquer dúvida de que todo mundo naquele ambiente tinha visto, os murmurinhos crescentes ao redor deixariam isso bem claro.
- Vamos! – Ele coloca a mão na base da minha cintura, me guiando para onde, eu imagino, fica sua sala.
- Você não pode me beijar assim! – Protesto, ainda desconcertada.
- É claro que posso... – Ele caminha até a sua mesa e a contorna, sentando-se. Depois aponta para a cadeira em sua frente, em um convite silencioso para que eu o imite. – Você leu o contrato?
- Eu... Não tive tempo ainda – minto. Nem ao menos tinha pensado em pegar novamente naquele papel.
- Existe uma cláusula inteira sobre troca de carícias em público. Ninguém realmente acreditaria que estamos juntos se eu nunca te beijasse, não é mesmo?
- Bem, sim, é só que... Fui pega desprevenida, só isso... – minto. – Então, você queria me ver?
- Sim, nós temos um problema.
- Temos?
- Ella, eu não posso namorar uma garota que trabalha atendendo bêbados em um barzinho de bairro.
- Hey! – Eu protesto. – Isso é tão preconceituoso!
- Eu sei – ele diz sem se abalar. – Mas é a verdade. O que as pessoas vão pensar quando elas descobrirem?
Queria protestar dizendo que ele não deveria se importar com o que as pessoas pensam, mas eu seria extremamente hipócrita se fizesse isso. Eu era a primeira a me importar com opiniões alheias. E se Matt não fosse minimamente parecido comigo, ao menos nesse aspecto, ele nem me contrataria para fingir que era sua namorada.
- E o que você espera que eu faça em relação a isso?
- Lembro vagamente de você ter falado que fez faculdade. No que você se formou?
- Nada – admito. – Precisei trancar – me limito a essa informação. Não preciso dizer que foi por falta de dinheiro, por mais que tenha certeza de que a informação ficou implícita.
- Mas você tem experiência com administração? Administra a mercearia da sua família, certo?
- Er... acho que sim.
- E no que mais você tem experiência?
- Vendas em lojas de roupas, telemarketing, limpeza, manicure, massagista...
- Massagista?
- Massagista de verdade! – Friso. – Não é um código.
- Eu entendi... – ele responde, um sorriso dançando em seu rosto. – Eu vou pensar no que fazer. Vamos jantar hoje a noite e eu já vou ter uma solução.
- Eu não tô vestida para...
- Esse é outro ponto – ele me interrompe. Observo enquanto Matt mexe em uma gaveta da sua mesa e tira de lá um cartão de loja, o qual me entrega. – Minha irmã costuma fazer compras nessa loja, eles têm uma personal stylist e vão te ajudar.
- Er... ok – me sinto intimidada em dizer que já gastei boa parte do dinheiro que ele me deu e mesmo que não tivesse gastado, a última coisa que gostaria é de usá-lo em roupas chiques.
- Eu vou pedir um para você, mas até lá use esse – ele me empurra um cartão de crédito.
- Espera... – eu estou ligeiramente perplexa. – O quê?
Matt revira os olhos.
- Vá aqui – ele aponta para o cartão da loja em minha mão. – E peça ajuda para renovar seu guarda-roupas. Depois use isso aqui... – ele aponta para o cartão de crédito – para pagar.
- Mas... eu... quanto eu...?
- Não se preocupe com isso, use o quanto precisar. Faça as compras, almoce, vá ao cinema, sei lá... Me espere para o jantar.
- Mas... e se... e se... É uma loja muita cara... E se quiserem me empurrar muita coisa, e...
- Então aceite muita coisa – diz com simplicidade. – Se você gostar, é claro.
- Mas... mas...
Eu me calo porque simplesmente não sei como perguntar. Se eu tentasse passar uma blusinha dessa loja no meu cartão de crédito, provavelmente estouraria o limite. Por Deus, só de entrar nessa loja meu cartão estouraria o limite!
- Ella... – ele ri, e eu vejo em seus olhos que compreendeu minha preocupação. – Você sabe por que esse cartão é dourado e não preto? – Balanço a cabeça negativamente. É claro que eu já tinha ouvido falar no black card que as pessoas ricas usavam, mas eu nunca teria nada além de um cartão roxo. Não entendia nada sobre aquilo. – Porque ele é feito de ouro. Só vá em frente e use o quanto precisar.
- Ele te deu o cartão dele e disse pra você usar à vontade? Amanda ainda não acreditava que eu tinha pagado nosso almoço em um dos restaurantes que sempre quisemos ir – e nunca pudemos pagar – do shopping mais chique da cidade. E que agora estávamos indo até uma loja super renomada pedir para que “renovassem o meu guarda-roupas”. - Dá para acreditar? E o cartão é feito de ouro! - Deixa eu ver! Cadê? - Dentro do meu sutiã! – Digo, como se fosse óbvio. – Eu não vou correr o risco de perder ou de alguém me roubar. Tá seguro. - Super seguro. Até porque ninguém coloca a mão aí a muito tempo, né amiga? - Cala a boca! – Respondo, mas estou rindo. Entrelaço meu braço no de Amanda enquanto caminhamos olhando as vitrines chiques. Se eu já tinha vindo nesse shopping antes uma vez, era muito. Não era um lugar para mim. Não tinha lojas de departamento. Se eu olhasse para a direita tinha uma Chanel, se eu olhasse para a esquerda tinha uma Prada e se eu olhasse para frente tinha uma Lennox. Na
- Eu nunca mais volto naquela loja! – Lilly dizia revoltada. – Elas foram tão preconceituosas! – Ela baixa a voz para quase um sussurro. – Nunca passei por isso.Nós estávamos sentados em uma cafeteria no shopping. Por mais que Amanda e eu não tivéssemos almoçado há muito tempo – e tivéssemos pedido sobremesa, minha amiga fez questão de pedir três tipos de doces diferentes. Eu pedi apenas um chocolate quente. Estava nervosa e chocolate quente era uma bebida de conforto. Mas preciso admitir que me arrependi um pouco. Se aquele era o melhor chocolate quente que já provei na vida, imagina o resto do menu!- Eu estava com o cartão de crédito de outra pessoa, então...- Não a defenda! – Matt me cortou. – Não tem defesa.- Não tem mesmo! – Amanda concorda. – Ela foi uma idiota.- Não se preocupe, Ella, vou te levar em uma outra loja aqui perto que é maravilhosa! Eu gosto ainda mais dela, na verdade.- Ótimo, vocês já têm planos para até a hora do jantar, então... – Ele se levanta. – Vou vol
Enquanto nos éramos seguidas por três funcionários da loja carregando as compras para mim até o estacionamento, eu pensava que nunca tinha saído de uma loja com tanta sacola junto, nunca! Talvez nem se eu somasse todas as sacolas dos últimos dez anos da minha vida em compras, daria aquela quantidade.Isso em uma loja de departamentos já seria um absurdo, mas em um a multimarcas de grife... Por mais que Lilly não tivesse deixado eu ver a conta, eu tinha certeza de que valia uma fortuna.- Isso é um exagero... – sussurro para Amanda em um momento em que Lilly se distrai com o celular. – Lilly deve ter feito Matt gastar mais do que ele tá me pagando!- Deve? – Amanda dá uma risadinha. – Meu amor, é claro que ela fez!- Eu não consigo me sentir confortável com isso.- Relaxa! – Ela diz. – Isso é troco de bala para gente como os Lennox. Lilly deve fazer uma compra dessas todo mês.- Ainda assim... Não paro de pensar que esse dinheiro poderia ser muito mais bem gasto com outras coisas. Como
Depois do jantar, o motorista de Matt me leva até em casa. Ou melhor, ele me leva até a casa de Amanda. Além de eu saber que não conseguiria entrar em casa com todas aquelas sacolas sem chamar atenção, também seria difícil explicar o fato de estar descendo de um carro chique. Então peço que ele estacione em frente a casa da minha melhor amiga, que fica há apenas cinco minutos de caminhada da minha casa, e aproveito para descarregar todas as compras lá. Fico apenas com a roupa que usarei na manhã seguinte, já que Matt queria me ver novamente, a qual camuflo dentro de sacolas de mercado. O restante das coisas, Amanda iria me levando aos pouquinhos, toda vez que fosse me visitar.Tento entrar em casa o mais sorrateiramente possível, por mais que pelo horário já fosse para todos estarem dormindo. O problema é que não estavam. Quando entro no meu qua
Fico feliz quando levanto na manhã seguinte e Bianca não está mais no quarto. Eu a tinha ignorado completamente quando ela jogou a cartada do Matt, mas se bem conhecia a minha irmã, sabia que mais cedo ou mais tarde ela voltaria naquele assunto. Ficava feliz que fosse mais tarde.Bianca trabalhava como secretária em uma empresa de advocacia, ela odiava o que fazia. Ainda assim, ela sabia que não podia largar, já que seu salário era uma renda complementar necessária para a nossa família. Ela entrava todo dia às nove horas da manhã, o que significava que tinha que sair de casa, no máximo, às oito. Isso me deu pelo menos uma hora para me arrumar, com a certeza de que não a veria.Quando desço até a cozinha para beber um copo de suco de laranja antes de sair de casa, encontro minha mãe cuidado de Sophia e Giovanna. Meu padrasto também já deve ter saído para trabalhar e Bruno deve estar na venda. Breno ainda deve estar dormindo.- Bonita! – Sophia aponta para mim, provavelmente se referind
- Preciso que finja que é meu chefe – alcanço Matt com alguma vantagem. Bianca vinha caminhando um pouco afastada de mim, apenas observado. Então, consigo ser direta quando o encontro, me esperando em frente ao spa.- Eu não sou?- Não desse jeito. No spa. Não me beija... – o empurro levemente quando ele tenta se aproximar.- O que está acontecendo, Ella?- Minha irmã tá desconfiada de... você sabe. – Faço um gesto com a cabeça na direção que ela estava. – Tá me seguindo.Ele ri.- A gente pode fingir que está junto para a sua família também – ele dá de ombros. – Seria menos problemático para você.- Matt... – É a minha vez de rir. – Você realmente se imagina sentado em uma mesa de plástico em um bairro de subúrbio para o almoço de domingo?- Talvez – ele mente.- Isso nunca daria certo. Por favor, só finja que é meu chefe no spa.- Se você prefere assim – ele indica a entrada com a cabeça. – Tanto faz.Sigo para dentro do spa enquanto vejo Bianca nos observando através da vitrine. Se
Não vou mentir, não foi difícil me adaptar a minha nova rotina. Era como as pessoas costumavam dizer, a gente se acostuma fácil com aquilo que é bom. Matt tinha deixado o motorista a minha disposição, pronto para me levar para onde eu quisesse no horário que eu quisesse. A única coisa que ele exigia era que jantássemos juntos todas as noites, casa vez em um restaurante chique diferente.Sempre aproveitávamos aqueles momentos para nos conhecer melhor, contar histórias do passado, falar sobre nossos traumas, ou nossos sonhos. Nossas conversas acabavam fluindo tão bem que vez ou outra eu me pegava pensando que em outra realidade realmente poderíamos ser amigos. Isso, é claro, se todo o nosso relacionamento não fosse pautado em cima de um contrato, muito dinheiro e dois mundos completamente diferentes colidindo.A parte ruim de tudo aquilo eram os segredos que eu precisava guardar da minha família. Bianca tinha se tornado bem mais tolerável quando cedi a sua chantagem e a coloquei de rece
- Matt... Eu não acho... Eu não acho que isso seja uma boa... uma boa ideia... – Era difícil falar ou mesmo formular frases enquanto suas mãos e seus lábios percorriam meu corpo de maneira hábil.- É? – Ele provoca, levando dois dedos aos meus lábios para que eu me calasse – Sabe o que me parece uma excelente ideia...? – Ele ia abrindo os botões da minha blusa lentamente enquanto falava. – Cair de boca nesses seus peitos gostosos... chupar sua boceta até você explodir de tesão... e depois te colocar de quatro e meter com força, até suas pernas não aguentarem mais te sustentar...O magnetismo de Matt era tanto que eu acreditava que era capaz de gozar em antecipação apenas de continuar ouvindo o que ele queria fazer comigo. Meu clitóris latejava e eu estava completamente molhada, pronta para recebê-lo.- Então, Ella, se você realmente acha que isso é uma má ideia... – Ele agora brincava com meu mamilo direito, preso entre seus dedos indicador e médio, que faziam movimento de vai e vem,