Patrícia acordou com a sensação clara de que não havia mais volta.
O mundo que antes a ignorava agora a observava com curiosidade, julgamento e fome. Não bastava mais sobreviver. Era preciso escolher como viver dali em diante.
Ela estava na cozinha quando Enzo apareceu à porta do quarto, ainda de camisa social, mangas dobradas, os cabelos levemente bagunçados. Não dormira ali, mas ficara até tarde na noite anterior, sentado no sofá, respondendo ligações, conversando em voz baixa com advogados, cuidando para que ela conseguisse descansar.
— Bom dia — ele disse.
— Bom dia — respondeu, servindo água no copo, sentindo um leve enjoo.
Ele observou o gesto, atento.
— Hoje teremos mais movimentação — avisou. — A imprensa vai insistir. Bianca plantou sementes suficientes para alimentar semanas de especulação.
— E qual é o próximo passo? — Patrícia perguntou, direta.
Enzo a encarou por um instante mais longo. Não havia condescendência ali. Havia respeito.
— Traçar limites. Linhas claras. Ela pr