A porta imensa da mansão do Tristan rangeu quando entrei. A casa estava silenciosa, envolta naquela penumbra de fim de tarde que sempre parece anunciar segredos. Ivana estava sentada no sofá, o olhar fixo na tela do celular, mas ergueu os olhos quando me viu. O silêncio entre nós foi imediato, denso.
— Catarina… — ela disse, com a voz baixa. — Tá tudo bem com você?
Hesitei. Minha garganta secou por um segundo. Ela era minha amiga. E parte de mim queria chorar no colo dela. Mas a outra parte… aquela que só pensa no Tristanzinho, não podia se dar ao luxo de fraquejar.
— Só cansada — respondi, tentando esboçar um sorriso. — Aquelas correrias do dia.
Ela franziu a testa, claramente não convencida. Mas não insistiu. Em vez disso, ajeitou a postura e disse, sem emoção:
— Vou voltar pra Rússia por uns meses. A galeria tá me chamando, e eu não posso mais adiar.
— Ah… — foi tudo que consegui dizer. Ela não tinha família. Não era como se estivesse voltando para casa. Mas eu também não