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Capítulo 4: Ficar gravado no coração 2
— Só estou aqui ajudando a minha mãe. — Disse Ruby, num tom meio sarcástico, meio magoado.

— Se já terminou, Chris, posso passar o pano por uns dez minutos? Você pode sair, se quiser. — Ela acrescentou, ao vê-lo parado, braços cruzados, observando-a em vez de sair do quarto.

— Por que eu sairia? Este é o meu quarto. Se quer passar o pano, vá em frente. Posso ficar em qualquer lugar aqui dentro. — Chris deu de ombros e pulou na cama, desarrumando o lençol que Ruby havia acabado de dobrar com tanto cuidado, deixando tudo bagunçado novamente.

Ruby franziu levemente o cenho. No passado, teria pulado na cama junto com ele e começado uma brincadeira. Mas agora era diferente. Chris parecia mais maduro e contido. Mantinha uma distância clara entre os dois, e ela também havia deixado para trás seu comportamento ousado de antes.

Enquanto a "empregada temporária" limpava o quarto, Chris ficou deitado, olhando o celular. Perguntava-se quando Ruby mostraria sua verdadeira personalidade. Antes, ela sempre estava sorridente, despreocupada e mal levava as tarefas domésticas a sério, na verdade, mal tocava numa vassoura, muito menos limpava o chão com tamanha concentração.

— Uhm… terminei. — Disse Ruby, suada, olhando para os lençóis amassados na cama.

— Ainda não. Agora é a próxima parte. — Respondeu Chris, levantando-se e saindo do quarto. Ruby o acompanhou com o olhar, irritada.

Chris está definitivamente a provocando.

Com o rosto emburrado, ela caminhou até a cama, sacudiu o cobertor e o dobrou novamente. Alisou o lençol, ajeitou os travesseiros e os colocou de volta. Aquele incidente a deixara hesitante em se aproximar dele outra vez, mas ao vê-lo hoje sentiu que suas emoções estavam voltando a se afundar no mesmo lugar de antes.

Queria abraçá-lo, sentir que ele ainda lhe pertencia. Queria ser mimada, pedir que comprasse coisas para ela. Gostava de vê-lo com aquela expressão cansada e indiferente. Sim, ela gostava disso, mas ele não. E Ruby agora era madura o bastante para não se comportar mais de maneira tola.

Revirando os olhos, Ruby desceu as escadas. A casa era enorme, por onde começar? Decidiu aspirar primeiro. Puxando o aspirador, atravessou a sala de estar e parou na sala de jantar. Lá estava ele, tomando café.

— Estou te atrapalhando? — Perguntou, surpresa por vê-lo ainda em casa, vestindo roupas casuais.

— Não. Continue seu trabalho. Estou com dor de cabeça, então fiquei em casa.

— Está tudo bem? — Ruby não conseguiu evitar a pergunta.

— Só foque seu serviço. Não precisa se preocupar comigo.

Ruby percebeu que demonstrar preocupação por ele era um erro e sentiu o desagrado na voz dele. Chris levou a xícara aos lábios e bebeu um gole, sem olhá-la novamente. Ruby baixou os olhos para o aspirador em suas mãos e soltou uma risada breve. Tudo havia mudado.

Ela não podia continuar demonstrando afeto como antes. Respeitar o espaço dele era o certo. Com esse pensamento, suspirou fundo, apertou o botão do aspirador e voltou a trabalhar até terminar tudo.

Quando concluiu a limpeza, já eram quase dez e meia. Ruby sentou-se nos degraus da entrada, enxugando o suor e recuperando o fôlego. Recolheu todo o material e colocou de volta no lugar. O cabelo estava desgrenhado, colado ao rosto. Procurando o dono da casa, viu-o sentado numa cadeira de madeira no gramado ao lado. Poderia simplesmente ir embora, mas isso pareceria rude.

— Chris, terminei o serviço.

— Está esperando o pagamento? Vai ter que esperar sua mãe voltar. Não sei quanto a Amber costuma receber. — Ele lançou um olhar à garota, o rosto cansado e o corpo coberto de suor. Será que a Ruby conseguia trabalhar tanto assim? Isso o surpreendeu bastante.

— Não é pelo pagamento. Minha mãe vai pegar com a Paula. Só vim avisar que terminei e vou pra casa.

— Então toma. — Disse ele, tirando uma nota de vinte dólares da carteira.

— Compra um lanche.

Ruby olhou para ele como se fosse um estranho. Chris costumava fazer isso o tempo todo, usava dinheiro para persuadi-la a comprar lanches e depois desaparecia, mantendo distância. Era uma tática eficaz para afastá-la. Pensando nisso, ela sorriu de leve, irônica consigo mesma.

— O quê? É pouco? — Chris já estava prestes a puxar uma nota de cinquenta da carteira.

— Não precisa, Chris. Eu não sou mais uma criança. Você não pode mais me afastar com dinheiro. Se eu sou capaz de vir sozinha, também posso ir sozinha. Não precisa me mandar embora. — Ela sorriu, virou-se e foi embora.

No fundo, queria sentar-se e conversar, dizer o quanto sentia falta dele. Mas lembrou-se: ele não a amava. Na verdade, talvez até a desprezasse. Não podia mais agir como antes.

Chris guardou o dinheiro de volta, um incômodo crescendo em seu peito. Algo não saíra como esperava. Onde estava aquela menina tagarela que ele já repreendera tantas vezes e que nunca parecia aprender? Por que agora ele a sentia tão distante, como se nunca a tivesse conhecido de verdade?

Ruby caminhou de volta para casa, sentindo o quanto o trajeto parecia longo. Antes, costumava passar pelo buraco da cerca com facilidade; agora, tinha de dar a volta pela frente da casa de Chris. Não era só o tempo que os separava, as condições de vida entre as duas famílias também eram diferentes.

Quando entrou na cozinha, viu a mãe colocando pudins de coco nas caixas.

— Mãe, deixa eu ajudar.

— Já terminou, Ruby? Isso foi rápido.

— Já sim. Deixa que eu te ajudo. É só colocar os pudins nas caixas, certo? Eu sei fazer. — Ruby foi animada até a mesa.

— Coloca assim, Ruby. Eu vou ligar pros clientes pra virem buscar as sobremesas. — Amber mostrou como arrumar direitinho os doces nas caixas enquanto discava o número dos clientes.

Naquela manhã, mãe e filha trabalharam juntas, lado a lado. À tarde, foram descansar em seus quartos. Ruby, porém, não conseguia dormir, o rosto dele continuava surgindo em sua mente, trazendo lembranças antigas.

Hoje, Chris parecia tão elegante e maduro que ela não tinha coragem de brincar com ele como antes. Só podia observá-lo de longe, sem esperança de se aproximar novamente.

— Só o Chris. Não quero mais ninguém.

Ela sempre fora teimosa e mimada. Mesmo quando adoecia, só aceitava que o "irmão da casa ao lado" lhe desse o remédio. Às vezes, a mãe tinha de ir até a casa dele buscá-lo.

— Não faça isso, Ruby. Tem que ouvir a Amber, não pode ficar me chamando toda hora.

— Mas eu quero que você me dê o remédio! Por quê? Não pode fazer isso por mim? Você disse que quando eu crescesse eu seria sua noiva! Mentiroso!

— Ruby, o Chris estava só brincando. — Explicou a mãe rapidamente, temendo que a menina levasse aquilo a sério. E Amber estava certa em tentar alertá-la… mas não adiantou.

— Não importa. Se o Chris disse, então tem que cumprir.

— Chris, não leve o que a Ruby diz a sério. Crianças são assim. Quando ela crescer, vai entender.

— Claro, Amber. Eu já vou indo.

— Está bem, vá.

Naquela época, Ruby se jogava no chão chorando por ele, e a mãe, firme, não cedia. Ela acabava adormecendo.

Muitas vezes, ouvia as duas mães conversando sobre ela e Chris, especialmente depois que Ruby entrou no ensino médio.

— Amber, acho que a Ruby anda grudada demais no Chris. Nessa idade, devia sair com as amigas. E, no lugar disso, passa o tempo livre com o meu filho. Está perdendo a chance de conviver com outras pessoas.

— Eu também queria que minha filha tivesse amigas, Paula. Mas Ruby não quer ninguém além do Chris.

Vários acontecimentos depois disso mantiveram ambas as mães preocupadas todos os dias.

Hoje, Ruby sorriu ao lembrar de seu passado vergonhoso. Será que eu vou continuar presa a esses sentimentos por muito tempo?

Demorou várias lembranças até finalmente conseguir fechar os olhos.

"Durma e finja que esqueceu, Ruby."
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