POV ENRICA
Raphael caminhava em círculos ao meu redor, como um predador satisfeito. Seus passos ecoavam baixinho, mas cada movimento fazia o ar parecer mais pesado. A dor latejante no braço e o gosto metálico na boca eram lembretes agudos da minha vulnerabilidade, mas eu me esforçava para manter a respiração estável.
— Você não faz ideia, não é? — ele disse, a voz escorregadia, como veneno escondido em mel. — De quanto tudo isso gira ao seu redor.
Permaneci em silêncio. Se ele queria um palco, que se afogasse no próprio discurso. Mas, ao invés de se irritar, ele parecia se alimentar da minha quietude, sorrindo como quem saboreava cada palavra.
— A vila… Harari. Não foi acaso. Foi seleção. — Ele parou, os olhos cravados nos meus. — Sabíamos do potencial genético de alguns moradores. E o seu… era excepcional. Assim como o da sua mãe.
— O quê? — sussurrei, incrédula.
O sorriso dele se alargou, distorcendo ainda mais o rosto.
— De quem você acha que conseguimos extrair os melhores resulta