— Não sabe mesmo o que vai fazer quando sair do colegial, Tamara?
— Eu não sei.
Era de fato nosso último dia de aula. O último dia de aula do último ano. E eu era a única moça que não estava animada para por fim àquele ciclo. Sempre tive problemas com despedidas.
— Meu pai quer que eu vá embora de Chernobyl.
— Você quer ir embora daqui?
Yulia me ofereceu seu melhor sorriso. O sorriso sonhador de qualquer jovem que sonhava em ir para Kiev, uma cidade independente, cheia de oportunidades e cuja a economia não dependia de uma usina.
Não é que tivéssemos medo da usina. Naquele época não ligavamos muito para ela. Era só uma construção gigante que nem havia sido oficialmente inaugurada, e que boa parte dos nossos colegas queriam trabalhar. Não sabíamos sobre o veneno que era guardado lá dentro e os perigos que ela representava a nossa vida.
Eramos apenas jovens comuns que dormiam nas aulas de química.
— Eu quero muito ir embora daqui, e não