O dia foi longo, e agora estamos no voo de volta para São Paulo. O avião está silencioso, com a maioria dos passageiros dormindo ou entretidos com seus celulares. Ao meu lado, Anna revisa alguns contratos, com o cenho levemente franzido, concentrada como sempre.
Eu deveria estar fazendo o mesmo. Tenho relatórios acumulando e uma reunião logo que chegarmos. Mas tudo o que consigo fazer é observá-la.
Não é apenas o fato de ser bonita, porque isso seria simples de ignorar. É o jeito como ela parece… diferente. É como se não houvesse uma máscara, como se cada gesto dela fosse verdadeiro.
Isso é perigoso. E ainda assim, não consigo me afastar.
Anna não faz ideia de quem eu realmente sou por trás da imagem de “magnata impecável” que todos enxergam.
Não sabe sobre os acordos que fiz, as promessas que não posso quebrar, as obrigações que me prendem.
Há uma parte de mim que gostaria de contar tudo a ela, ver como ela reagiria, mas sei que não é hora. Talvez nunca seja.
E mesmo que eu quises