Era início da tarde quando alguém bateu à porta com três toques secos e ritmados.
  Salvatore reconheceu o som de imediato. Aquele padrão era de Luca — direto, urgente, mas discreto.
  Ele se virou na direção da cozinha, onde Olivia estava com o cabelo preso num coque frouxo e as mãos mergulhadas numa tigela de frutas.
  — Fica aqui, amor. Eu atendo — disse, tentando manter o tom casual.
  — Tá bom — ela respondeu sem olhar, distraída com a tarefa.
  Salvatore caminhou até a porta e a abriu só o suficiente. Do outro lado, Luca não sorriu. Nem tentou fingir. O olhar sério disse tudo.
  — Precisamos conversar. Agora.
  Salvatore assentiu, abrindo mais espaço para ele entrar. Com um gesto sutil, indicou que fossem para a sacada dos fundos — longe do alcance da cozinha e dos ouvidos de Olivia.
  Luca lançou um olhar rápido ao redor, depois falou em voz baixa, mas firme:
  — Recebemos movimentações em Palermo. Um dos nossos viu Rocco entrando em um galpão abandonado da zona portuária. Ele