O sol mal havia se erguido sobre São Paulo quando Isadora despertou. Ainda sonolenta, esticou o braço na cama procurando pelo calor de Rafael. Encontrou apenas o espaço vazio, o lençol frio e um silêncio que parecia incomodar. Endireitou-se devagar, piscando várias vezes até seus olhos se acostumarem à luz suave que entrava pelas cortinas.
Sobre o criado-mudo, um envelope cuidadosamente dobrado a esperava. Ela estendeu a mão e o abriu, reconhecendo imediatamente a caligrafia firme de Rafael:
"Precisei resolver um assunto urgente. Voltarei antes do almoço para buscá-la. Tire o dia para descansar, você trabalha demais — e agora trabalha para mim, então obedeça. Preparei algo para que acorde sorrindo."
Assinado apenas com a inicial " R. ", como ele costumava fazer nos bilhetes mais íntimos.
Isadora suspirou, com um sorriso involuntário. Ao se levantar, viu sobre a mesa da sala uma bandeja cuidadosamente arrumada: suco fresco, frutas cortadas, pães quentinhos, uma jarra de café. O coração